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Presidente do TRE de Sergipe descarta atentado político

O presidente do TRE-SE (Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe), desembargador Luiz Mendonça, 60, descartou hoje em Aracaju ter sido alvo de um atentado político. Ontem, o carro que conduzia Mendonça ao trabalho foi alvejado por mais de 30 tiros. O motorista do veículo em que estava o juiz foi atingido pelos disparos e segue internado em estado grave.

Pela manhã, em entrevista coletiva no prédio do TRE, Mendonça afirmou que a campanha eleitoral segue de forma tranquila em Sergipe, podendo haver, às vezes, alguma palavra ríspida, mas que "não passa disso".

O presidente do TRE disse confiar no trabalho das polícias do Estado e não vê necessidade de uso de tropas federais durante o processo eleitoral. Mendonça já retornou ao trabalho e disse que sua rotina não será alterada em razão do atentado.

A segurança dele e de sua família foi reforçada após o atentado. Até o momento, ninguém foi preso pela polícia.

O carro em que o juiz estava foi atingido por mais de 30 tiros de escopeta calibre 12 e de pistola 380, disparados por quatro homens vestidos de preto e encapuzados.

Ontem, ele recebeu a visita no hospital do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Ricardo Lewandowski, além de representantes do Judiciário estadual, familiares e amigos.

Já o cabo da PM Jailton Batista Pereira, 41, que dirigia o carro, foi baleado várias vezes. Ele passou por uma cirurgia e seguia em estado grave.

Lewandowski afirmou durante entrevista coletiva em Aracaju que não excluiu a hipótese de que o atentado tenha motivação política.

"O desembargador atuou em vários casos complicados, trabalhou para a prisão de vários criminosos. Pode ser uma vingança de alguém atingido por alguma ação que ele tenha desencadeado quando promotor de Justiça ou secretário da Segurança Pública", disse o ministro.

Em entrevista à Folha por telefone, o governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), candidato à reeleição, descartou motivação eleitoral no atentado sofrido pelo presidente do TRE do Estado. Segundo o governador, "não há um único indício de vínculo do crime com o cargo que ele ocupa".

Déda afirmou que a polícia trabalha com a hipótese de um principal suspeito, Floro Calheiros, que, diz ele, atuava no Estado com agiotagem e crimes políticos.

O suspeito foi preso quando Mendonça era secretário da Segurança, mas fugiu da cadeia e está foragido há dois anos. A Polícia Federal vai ajudar a investigar a autoria do atentado e se houve motivação eleitoral.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, quatro homens encapuzados estavam em um Honda City que perseguia o veículo do presidente do TRE, um Fiat Linea. Ao parar em um semáforo na avenida Beira-Mar, zona sul da capital, os quatro homens desceram do veículo e dispararam contra o carro do desembargador. Na ocasião, ele chegou a disparar contra os criminosos.

O veículo que teria sido usado no crime foi abandonado no bairro Jardins, vizinho ao do local do atentado, completamente queimado.

Após o ocorrido, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cezar Peluso, pediu ontem reforço na segurança de magistrados e autoridades que atuam nas eleições deste ano.

Biografia

O desembargador assumiu a presidência do TRE de Sergipe em janeiro. Ele atua paralelamente na 2ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado.

Formado em direito pela Universidade Braz Cubas, Mogi da Cruzes (SP), Mendonça foi promotor de Justiça em Sergipe e secretário de Segurança Pública do Estado entre 2003 e 2005, quando foi nomeado para o Tribunal de Justiça pelo então governador João Alves Filho (DEM, na época PFL).

"Antes mesmo de ser secretário de Segurança, como integrante do Ministério Público, ele combatia o crime organizado com muita firmeza", disse o ex-governador, que é novamente candidato ao governo do Estado.

Segundo Alves Filho, Mendonça sempre foi muito "destemido" e não se intimidava com as ameaças de morte que frequentemente recebia de bandidos.

As ameaças, afirmou o ex-governador, continuaram mesmo após Mendonça deixar o cargo. Ele insistia, segundo Alves Filho, em não circular pela cidade com proteção policial.

O presidente do TRE é casado com a procuradora-geral de Justiça de Sergipe, Maria Cristina Foz Mendonça.

Fonte: Folha.com