Mais assistência para usuários do crack se livrarem do vício
Os municípios terão mais 6.120 leitos hospitalares no Plano de Enfrentamento ao Crack e outras drogas. E mais unidades de tratamento. E os profissionais que vão atuar nessas unidades receberão capacitação na área de prevenção, tratamento, recuperação e reinserção social dos usuários.
Publicado 20/09/2010 17:02
Nesta segunda-feira (20), o governo anunciou, em solenidade no Palácio do Planalto, em Brasília, a abertura de editais para que municípios de todo o Brasil possam ampliar a rede de atenção integral para usuários de drogas, com a oferta de mais leitos e a capacitação de profissionais.
Segundo a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), a iniciativa é uma resposta aos “desafios impostos a toda nação brasileira” frente ao fenômeno do uso de crack. O assunto, que tem tido destaque nos debates e programas dos candidatos nas eleições deste ano, ganhou um plano de enfrentamento, criado pelo presidente Lula em maio deste ano, durante a 13ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios.
A ampliação de leitos para tratamento dos dependentes de droga dá continuidade dos esforços do governo para estruturar e qualificar toda a rede de atenção integral para usuários de drogas, destacou a secretária nacional-adjunta de Políticas sobre Drogas e coordenadora do plano, Paulina Duarte.
Segundo ela, o enfrentamento do uso indevido de drogas requer uma articulação forte e permanente entre as administrações federal, estaduais, municipais e a sociedade civil. Trabalho que vem sendo desenvolvido desde a implantação do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, em 2006. Os recursos são provenientes da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) e do Ministério da Saúde.
Ações imediatas e estruturantes
O plano é composto de ações de aplicação imediata e ações estruturantes. As ações imediatas são voltadas para o enfrentamento ao tráfico da droga em todo o País, principalmente nos municípios em regiões de fronteira.
As ações estruturantes organizam-se em torno de quatro eixos: ações de prevenção, tratamento e reinserção social; diagnóstico da situação sobre o consumo do crack e suas consequências; campanha permanente de mobilização, informação e orientação; e formação de recursos humanos e desenvolvimento de metodologias.
Do total de leitos, 3.620 serão criados na rede pública de atenção à saúde, nos hospitais, nos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) e nas Casas de Acolhimento Transitório. Também serão oferecidos mais 2,5 mil leitos públicos para acolhimento em comunidades terapêuticas, articuladas com a rede dos Sistemas Único de Saúde (SUS) e de Assistência Social (SUAS).
Também faz parte das iniciativas a criação de mais 50 Caps AD, com funcionamento 24 horas, 225 Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasfs) nos municípios com populações inferiores a 20 mil habitantes e 40 Casas de Acolhimento Transitório (CAT), equipadas com 520 novos leitos psiquiátricos. O objetivo é abrigar, em período integral, por até 40 dias, usuários de crack e outras drogas em situação de vulnerabilidade social e risco ou excluídos do convívio familiar.
Para garantir a capacitação continuada dos profissionais e das equipes que atuam nessas unidades, serão criados, em parceria com as universidades públicas, 30 Centros Regionais de Referência e 50 Programas de Educação pelo Trabalho para a Saúde. Os profissionais terão acesso a curso específico – oferecido a distância – pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, nas áreas de prevenção, tratamento, recuperação e reinserção social dos usuários.
Fácil acesso e preço baixo
Segundo dados do Ministério da saúde, o crack é uma droga nova que apareceu no mercado brasileiro de forma agressiva, com fácil acesso e preço baixo. Causa dependência e danos físicos rapidamente e, apesar de indícios do uso entre pessoas da classe média, afeta mais diretamente populações mais vulneráveis – população de rua, crianças e adolescentes.
Dados de 2005 estimavam em 380 mil o número de usuários dependentes do crack no Brasil. Hoje, o Ministério da Saúde estima que existam 600 mil usuários de crack no país. Inicialmente, o uso da droga era restrito a São Paulo. De cinco anos para cá, espalhou-se por centros urbanos de todas as regiões.
Indiscutivelmente, a droga produz um forte impacto na rede pública de saúde, desde a atenção básica até os hospitais, no atendimento de problemas decorrentes do consumo da pedra, acidentes e violências relacionados ao crack e tratamento da dependência. Os usuários de crack também ficam mais expostos a relações sexuais desprotegidas e a Doenças Sexualmente Transmissíveis e hepatites em geral.
De Brasília
Com agências