Colômbia cassa mandato da senadora Piedad Córdoba
A Procuradoria Geral da Colômbia cassou nesta segunda-feira (27) o mandato da senadora de oposição Piedad Córdoba e a tornou inelegível por 18 anos sob a acusação de colaboração com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Publicado 27/09/2010 19:02
Segundo o governo colombiano, a investigação contra a senadora teve início após a captura de computadores que supostamente pertenciam a guerrilheiros da Farc assassinados em território equatoriano, em março de 2008, em uma incursão ilegal no território do país vizinho que matou Raul Reyes, um dos líderes das Farc.
Piedad é advogada e foi eleita senadora na Colômbia em 1994. Foi membro do Partido Liberal durante toda a sua vida política e é a líder do movimento Poder Ciudadano Siglo 21. Como congressista trabalhou principalmente pelos direitos da mulher, pelas minorias étnicas e sexuais e pelos direitos humanos, o que fazia dela uma figura de destaque na oposição ao antigo governo Uribe.
Piedad é acusada pela procuradoria colombiana de "extravasar" suas funções, bem como a autorização do governo de Álvaro Uribe (2002-2010) de atuar como mediadora do intercâmbio humanitário de prisioneiros entre a administração colombiana e as Farc. Entre outras operações, a senadora do Partido Liberal (PL) atuou na libertação unilateral dos militares Pablo Emilio Moncayo e Josué Daniel Calvo, em março.
Segundo a promotoria, além da vistoria nos supostos computadores da guerrilha, foram utilizadas escutas telefônicas e recorreu-se também a um dedo-duro da polícia colombiana, de nacionalidade ucraniana, para estabelecer o suposto vínculo da senadora com a guerrilha.
A decisão da procuradoria colombiana é um duro golpe nas tentativas da oposição negociar com as forças da guerrilha a libertação de presos e demonstra as reais intenções do novo governo do país em relação ao diálogo com o grupo guerrilheiro.
O advogado da senadora cassada, Ciro Quiroz, anunciou que recorrerá da sanção ditada nesta segunda-feira contra Piedad. Quiroz qualificou a decisão como "sem precedentes" e disse que foi imposta "com crueldade excessiva".
"É uma sanção sem precedentes na história da Colômbia e se percebe certa crueldade do procurador, talvez porque a senadora tem denúncias contra o mesmo", afirmou Quiroz, sobre a situação imposta contra Piedad, cuja mediação com as Farc nos últimos anos conseguiu libertar 12 prisioneiros.
A cassação da senadora Piedade Córdoba é um ato antidemocrático, um gesto de intolerância, a demonstrar que o governo recém-empossado do presidente Juan Manuel Santos trilha o mesmo caminho repressivo do seu antecessor. É o uribismo sem Uribe. Santos está determinado a liquidar todo e qualquer movimento democrático conseqüente, calar a voz dos lutadores do povo, para melhor servir aos seus patrões – a oligarquia interna e o imperialismo.
Da redação, com agências