ANP pede reconhecimento imediato do Estado palestino
Em reação ao anúncio do Ministério do Interior israelense – que aprovou a construção de mais 1.300 casas para colonos judeus em território palestino, em Jerusalém Oriental -, o principal negociador da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Saeb Erekat, declarou nesta terça-feira (09) que o "unilateralismo" de Israel alerta para a urgência de um "reconhecimento internacional imediato" de um Estado palestino.
Publicado 10/11/2010 12:19
Erekat disse que o mais recente anúncio de Israel deixava claro que o Estado judaico quer construir assentamentos, e não a paz. "O unilateralismo israelense é um pedido para o reconhecimento internacional imediato do Estado da Palestina", afirmou. Um dia antes, o negociador já tinha classificado o anúncio como um sinal "de má fé" do governo israelense, independente de quando as obras comecem, de fato.
A atitude de Israel é vista pela ANP como uma manobra para impedir o estabelecimento do Estado palestino, alterando a composição demográfica e religiosa deste território Árabe, ocupado durante a guerra dos Seis Dias, em junho de 1967.
A posição de Erekat traz à tona a esperança de muitos palestinos de que Mahmoud Abbas, o atual presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), consiga obter o apoio da comunidade internacional à criação de um Estado independente.
Às críticas palestinas, se somaram reclamações dos Estados Unidos – que viu fracassado seu protagonismo como promotor da última rodada de conversas diretas, retomadas em 2 de setembro – e da União Europeia – que classificou as novas construções como um obstáculo à paz.
Desafio à comunidade internacional
O anúncio israelense de construção de 1.300 casas no setor de Jerusalém Oriental causou "profunda decepção" nos EUA, onde está atualmente o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também criticou a autorização.
Segundo a organização israelense anticolonização Paz Agora, que classificou a decisão como uma "grande provocação", a grande maioria das novas construções estão situadas no bairro de colonização judaica de Har Homa, onde vivem mais de 7.000 pessoas.
Um quinto (21%) das colônias judaicas estão erguidas sobre terras que Israel reconhece como terrenos privados palestinos, em contraposição com aquelas parcelas que o Estado judeu qualifica como "terrenos do Estado".
No entanto, a legislação internacional considera ilegais todos os assentamentos israelenses construídos em território ocupado na Guerra de 1967 (Cisjordânia, Gaza, Jerusalém Oriental) e entende que supõem um sério obstáculo para a paz e o estabelecimento de um futuro Estado palestino.
Desafiando a comunidade internacional, o gabinete do primeiro-ministro israelita garantiu que a construção dos colonatos judaicos vai continuar. "Jerusalém não é um colonato – Jerusalém é a capital de Israel”, lê-se no comunicado emitido ainda na terça-feira pelos assessores de Netanyahu. “Israel nunca colocou nenhuma espécie de limites à construção em Jerusalém, onde cerca de 800 mil pessoas habitam, e também não o fez durante os 10 meses de suspensão dos colonatos na Cisjordânia”.
Para as autoridades israelitas, a expansão em nada interfere com as negociações de paz. “Israel não vê nenhuma relação entre o processo de paz e a política de planificação e de construção em Jerusalém”, diz a nota do gabinete do chefe do Executivo.
Com agências