Niko Schvarz: Dia de solidariedade com os palestinos
Nesta terça-feira, 23 de novembro, é comemorado o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino, que no nosso país (Uruguai) terá características peculiares.
Por Niko Schvarz, no jornal La República (Uruguai)
Publicado 23/11/2010 20:51
A comemoração terá início à tarde, com uma marcha da praça Cagancha e uma celebração às 16h na Esplanada Municipal, onde haverá uma abertura a cargo da Direção de Relações Internacionais e Cooperação da IMM, palavras da diretora do Desenvolvimento Social, professora María Sara Ribeiro, representando a intendende Ana Olivera, e uma exibição do conjunto de danças folclóricas palestinas "Shabibat".
Esse ato é patrocinado pela intendência da capital, a embaixada da missão Palestina na Argentina e a uruguaia Comissão de Apoio ao Povo Palestino (CAPP).
Posteriormente, no Palácio Legislativo, edifício anexo, acontecerá um ato cultural, com uma intervenção inicial do deputado Amin Niffouri, que será seguido pelo embaixador palestino na Argentina, Walid Muaqqat, e o encerramento por parte da presidente da Câmara de Representantes, Ivonne Passada. No ponto culminante do ato, o conjunto "Shabibat" apresentará seis danças folclóricas palestinas. Ali estaremos e convidamos a presenciar este ato de apoio a uma causa justa.
O ato se realiza no momento em que o diálogo palestino-israelense se encontra em um impasse. O líder palestino Mahmud Abbas acaba de declarar que não recebeu nenhum comunicado por parte do governo dos Estados Unidos em relação ao reinício do diálogo com Israel, interrompido em 26 de setembro ao vencer a moratória a que se havia comprometido o governo israelense por um lapso de dez meses e exclusivamente em relação à Cisjordânia, e não a Jerusalém Oriental.
O dirigente palestino disse também que, para reiniciar o diálogo, era imprescindível que cessassem as construções e novas colônias nos territórios palestinos.
O fato concreto é que nem um nem outro foram detidos no período indicado (em particular em Jerusalém Oriental, onde se verificou o desalojamento de palestinos de suas moradias em proporção elevada e a ocupação destas por famílias israelenses) e que tais construções ilegais se aceleraram fortemente a partir de 26 de setembro.
E, enquanto o diálogo está paralisado e a secretária de Estado dos Estados Unidos Hillary Clinton e o premiê israelense Benjamin Netanyahu tramam um acordo a seu gosto e paladar, excluindo — até agora — os palestinos, as construções israelenses se multiplicam. Demos os dados em nosso artigo do dia 16 (EUA e Israel contra os palestinos) e a posteriori o processo continuou.
Resenhamos também as bases do acordo realizado em Washington, nas quais os Estados Unidos solicitavam a Israel uma breve moratória de três meses, exclusivamente na Cisjordânia, e deixavam o campo livre para os israelenses seguirem a colonização em Jerusalém Oriental, onde já foi anunciada a construção de 1.300 novas casas, que se somam aos trabalhos de construção de vários milhares de moradias em 63 colônias, 46 delas a leste da "barreira de segurança" (ou seja, o muro da vergonha) que Israel constroi na Cisjordânia.
Ainda nestas condições, no gabinete israelense tanto o chanceler ultradireitista Avigdor Lieberman, do partido Israel Beiteinu, como o Ministro do Interior, Elie Yishai, do ultrareligioso Shass, se negam a assumir esse compromisso, e na mesma posição se encontra o Conselho representativo dos 300 mil colonos israelenses instalados na Cisjordânia, ou seja, em territórios palestinos.
O fato concreto é que o gabinete isralense não resolveu nada, e as construções continuam. Lemos um artigo que argumenta que hoje "é muito mais difícil criar um Estado palestino viável, já que nos territórios conquistados foram criados numeras colônias". A autora se refere aos territórios palestinos ocupados por Israel. Mas isso é precisamente o que é preciso mudar para estabelecer um Estado palestino em todo seu território. Um dos objetivos da proposta é obrigar os palestinos a aceitarem com um fato irreversível parte das colonizações que pautam o expansionismo israelense.
Já se sabe que a contrapartida oferecida por Hillary Clinton inclui a entrega a Israel de 20 caças F-35, os mais modernos, pelo valor de 30 bilhões de dólares, com o 'troco' sendo o veto pelos Estados Unidos a todas as resoluções contra Israel que forem tomadas na ONU e a adoção de medidas conjuntas contra o Irã.
Isto ação, que foi a vinculação da dotação de aviões de guerra ultramodernos, despertou o alarme nos círculos pacifistas de Israel. Advertem eles que Israel prepara uma ação militar conjunta com os EUA contra o Irã e que semelhante aventura corre o risco de inflamar a região, desatando uma guerra regional, com implicações para o Líbano, Síria e inclusive a Faixa de Gaza. O perigo é de grande magnitude.