Documentário sobre Pereira da Viola será exibido na UFMG
O universo do sertão, as festividades e sons gerados no interior mineiro e a relação desta produção com os movimentos populares norteiam o documentário Aboiador de Violas, de Tatá Lobo e Léo Rodrigues ambos estudantes de Comunicação Social da UFMG e militantes dos movimentos sociais.
Publicado 19/05/2011 10:19 | Editado 04/03/2020 16:50

O universo do sertão, as festividades e sons gerados no interior mineiro e a relação desta produção com os movimentos populares norteiam o documentário Aboiador de Violas, de Tatá Lobo e Léo Rodrigues ambos estudantes de Comunicação Social da UFMG. O filme nos leva a conhecer a vida e obra de um dos maiores artistas populares de Minas, Pereira da Viola.
Nascido José Rodrigues Pereira, em São Julião pequena vilarejo do Vale do Mucuri, o artista teve nas manifestações populares do vale sua maior inspiração. Foi entre folias e procissões que ainda criança teve seu contato com a musica de raiz. A musica virou paixão e logo depois profissão. Pereira é hoje um dos violeiros mais conhecidos do Brasil, ativo militante pela valorização da cultura popular e da viola caipira, já dividiu o palco com Elomar e diversos grandes artistas.
Luta vira musica
O cantor que leva agora a Viola no nome sabe que nem só de arte vive o homem. Pereira da Viola é ativo apoiador de bandeiras defendidas por movimentos sociais e tem uma intensa ligação com os movimentos de luta pela terra. Para Léo Rodrigues o engajamento de Pereira, faz do musico um artista mais completo “A ligação dele com os movimentos de luta pela terra, demonstra um artista engajado, conhecedor de nossos problemas e militante das mudanças. Isso influi positivamente em sua obra deixando-a mais sensível e ligada a vida do povo. É um diferencial que enriquece o trabalho do Pereira” afirma.
O documentário é fruto de intensos nove meses de trabalho. Entre viagens, gravações, estudos e entrevistas Tatá Lobo e Léo Rodrigues percorreram mais de cinco mil quilômetros. Gravações foram feitas em diversos shows por cidades mineiras e em Vitória da Conquista (BA) em um tradicional encontro de violeiros, promovido por Elomar. A vila de São Julião foi o ponto de partida do documentário que reuniu mais de vinte e seis horas de filmagens, clinicamente reduzido a 62 minutos.
Tatá Lobo aponta que Refletir sobre o universo criativo do artista foi intenção do documentário. “Para nós, mais importante do que apresentar e descrever o que há em cada disco do músico, seria apresentar o conjunto de idéias que permeia esta produção e este universo. Foi na utilização desse vetor ideológico dos depoimentos que confiamos para criar a sensação de que há aqui uma versão, aproximando o filme de uma tradição reflexiva e afastando-o de uma tradição expositiva que tem como centro a idéia de objetividade”, afirma.
A primeira apresentação de Aboiador de Violas em novembro do ano passado lotou as duas exibições no Cine Belas Artes.Uma especial foi realizada em São Julião, cidade natal de Pereira durante as comemorações da Folia de Reis. “Uma maneira de presentear o povo do vale, já que ele tem uma grande contribuição na obra de Pereira da Viola” apontam os diretores. Agora por iniciativa do Cineclube da Face o filme será exibido na UFMG no dia 24 de Maio em dois horários. Para os leitores do vermelho uma boa dica para conhecer e valorizar um dos mais promissores artistas populares de Minas.
De Belo Horizonte,
Pedro Leão
Acesse a página oficial do filme : www.aboiadordeviolas.tumblr.com
Aboiador de Violas, dia 24 de Maio, terça-feira
– 11h30 – Fafich – Auditório Sônia Viegas
– 17h30 – Face – Auditório 03
Realização: Cineclube Face
Apoio: Fafich – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas – UFMG
VÍDEO-DOCUMENTÁRIO
Título: Aboiador de Violas
Produção, Direção e Edição: Tata Lobo e Léo Rodrigues
Duração: 62 minutos
Sinopse: Nascido em uma pequena vila no Vale do Mucuri, em Minas Gerais, Pereira da Viola se tornou um dos principais músicos da nova cena do instrumento que adentra o seu nome artístico. Com seis discos gravados, o violeiro não deixa de lado as origens e alia sua obra a uma compreensão própria de cultura popular e ao compromisso que mantém com os movimentos sociais ligados à terra.