PCdoB-PA denuncia impunidade de violência no campo

A violência no campo continua impune no Pará e a lista dos marcados para morrer cresce, essa é a fotografia de uma sociedade capitalista que explora os recursos naturais em busca do lucro fácil e a qual quer custo. Ao mesmo tempo, também reflete um estado que executa um projeto de desenvolvimento baseado na extração de recursos naturais que perpetuado a séculos.

Assassinato no campo

Desde do assassinato de Jose Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo – em Nova Ipixuna, no sudeste do estado e que completou um mês no último final de semana – surgiram denúncias de várias outras mortes que passam a ser investigadas por uma força tarefa formada pelos governos estadual e federal.

A Pastoral da Terra afirma que todos os casos estão ligados à venda e à extração ilegal de madeira. As mortes por recursos naturais têm se intensificado a exemplo do caso Irmã Dorothye e recentemente do casal de ambientalistas.

Segundo dados de um levantamento da CNBB de 2001 a 2010 foram 219 mortes envolvendo conflitos de terra e recursos naturais. Os números revelam que 98% dos casos de assassinatos no campo no Pará continuam impunes. 

O PCdoB – que teve várias de suas lideranças assassinadas – se solidariza com a luta da Pastoral da Terra. Em nota pública divulgada pela direção estadual, o partido exige a punição dos mandantes dos crimes e reafirma a luta por uma cultura de paz e pela reforma agrária.

Leia abaixo a íntegra da nota:

PCdoB-Pará repudia o crime do latifúndio e exige o fim da impunidade

Em menos de um mês ocorreram cinco assassinatos nos campos do Pará. Todos trabalhadores rurais, lideranças do povo comprometidas com a luta por reforma agrária, desenvolvimento, sustentabilidade ambiental. Mais uma vez o estado assume esse triste e vergonhoso destaque em um cenário de violência e impunidade no campo brasileiro, que tem a Amazônia como palco principal, com centenas de marcados para morrer em listas cujos atores nesse realismo macabro são extrativistas, quilombolas, sem-terra, lavradores, lideranças políticas, sindicais e religiosas.

Latifundiários, madeireiros inescrupulosos, grileiros sentem-se à vontade nesse enredo de impunidade para praticar o trabalho escravo e o trabalho infantil, expulsar o trabalhador da terra, encomendar mortes. Quantos mandantes, intermediários e executores foram para a cadeia, estão ou cumpriram a pena, se julgados? Os dedos das mãos são muitos para contar. Há um manto de proteção mal revelado, tecido de fios poderosos que respalda e encoraja os crimes hediondos de rapinagem praticados. É no mínimo sintomático o recrudescimento da violência com a volta do neoliberalismo ao governo do estado, não só na área rural como na área urbana.

Se o Brasil começou a mudar com os governos Lula e Dilma no rumo do desenvolvimento com inclusão social, retirando milhões da pobreza e da miséria, da escuridão, ainda há muito caminho a trilhar quando se fala dos rincões do norte e nordeste, de desenvolvimento regional, de reforma agrária. Aqui, há uma lógica do saque que propicia terreno fértil à barbárie, à exploração desenfreada, à ação predatória. Portanto, é determinante encarar as inúmeras causas buscando soluções de fato para os problemas sócio-econômicos existentes, com medidas concretas.

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, com inclusão social, rumo ao Socialismo; marcado na luta pela reforma agrária antilatifundiária, onde tombaram camaradas como Paulo Fonteles, João Canuto, Expedito Ribeiro entre tantos, repudia mais uma vez a sanha assassina do latifúndio e predadores que ceifaram a vida do casal extrativista José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, dos trabalhadores rurais Erenilton Pereira dos Santos, Marcos Gomes da Silva e Obede Loyola Souza, do camarada Dinho de Roraima. E exige dos órgãos competentes, junto com a sociedade civil organizada e os movimentos sociais, punição aos mandantes e executores, fim da violência contra o povo do campo, e da impunidade.

O PCdoB-Pará conclama os partidos políticos, os parlamentares federais, estaduais e municipais, prefeitos, os movimentos sociais através de suas entidades, a OAB, SPDDH, Igrejas,os círculos acadêmicos, lideranças defensoras dos direitos humanos a cerrarmos fileiras na luta pelo fim da violência no campo e da impunidade, pela reforma agrária e pelo desenvolvimento sócio-econômico com valorização do trabalho no Pará.

Belém, 26 de junho de 2011

 

De Belém,
Moisés Alves