Espanhois vão às ruas protestar contra reforma da constituição
A Espanha foi palco neste domingo (28) de vários protestos em repúdio à decisão do governo de introduzir na Constituição o limite de déficit e a favor de que essa iniciativa seja submetida a um referendo vinculante.
Publicado 28/08/2011 18:44
Madri, Barcelona, Saragoça, Bilbao, San Sebastián, Vitoria, Valência, Múrcia, Logroño, Cáceres, Málaga e Jerez foram algumas das cidades que viram sair às ruas movimentos políticos e sociais contra a projetada reforma constitucional.
Madri manifestou-se sob as frases de "eu quero votar" e "Novo golpe de Estado financeiro", a mobilização nesta capital teve início em Atocha e terminou na central Porta do Sol, símbolo do Movimento 15-M, os Indignados.
O mal-estar popular tomou as ruas depois que o dirigente Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e o conservador Partido Popular (PP) entraram em um acordo na sexta-feira (26) para incorporar à Constituição um teto de despesa para as administrações públicas.
Entre os convocadores do protesto estavam a Democracia Real Já e Juventude Sem Futuro, plataformas que junto ao 15-M nasceram nas redes sociais da Internet para expressar sua insatisfação pela situação política, econômica e social deste país europeu.
"Após as últimas mobilizações isto é uma provocação", declarou ao jornal madrilenho Ramón Espinar, membro da Juventude Sem Futuro, em alusão às gigantescas manifestações de maio passado em meia centena de cidades espanholas.
O 15-M caracteriza-se por recusar o sistema capitalista e pedir democracia participativa, recordou Espinar, para quem a proposta do PSOE-PP de modificar a Carta Magna para incluir um teto da despesa pública significa "constitucionalizar" o neoliberalismo.
As citadas organizações colocaram em evidência a insatisfação de uma parte da sociedade com as recentes medidas econômicas definidas pelo Governo de José Luis Rodríguez Zapatero e pela direita, encarnada pelo PP, reza a convocação.
"Consagrar o neoliberalismo na Constituição e fazê-lo sem consultar os espanhóis põe de manifesto que o bipartidarismo está a serviço dos mercados; isso mais é um passo contra as maiorias sociais", denunciou Espinar.
O PSOE e o PP selaram um acordo para anexar à Constituição um princípio genérico de estabilidade orçamental, o qual impede às administrações públicas incorrer em um déficit estrutural que supere as margens exigidas pela União Europeia.
Um dos temas mais controversos e criticados da reforma, fixar um teto de despesa, ficou excluído da iniciativa e figurará ao final em uma lei orgânica, norma menos rígida e mais fácil de mudar, a ser aprovada antes de junho de 2012.
A coalizão Esquerda Unida acusou o PSOE o PP de decidir substituir uma Constituição social por outra conservadora, que vem imposta pelos mercados e pelas instituições financeiras que não respondem às necessidades dos cidadãos.
Com informações da Prensa Latina