Trabalhadores da Colômbia protestam contra TLC com EUA
A aprovação do Tratado de Livre Comércio (TLC) no Senado estadunidense foi recebida nesta quinta-feira (13) na Colômbia com total otimismo e qualificada pelo chefe de Estado, Juan Manuel Santos, como "histórico”. No entanto, surgiram protestos no setor sindical, especialmente do campo, pela desigualdade econômica entre as partes.
Publicado 14/10/2011 14:42
"As centrais únicas de trabalhadores manifestaram, levantaram sua voz de protesto, disseram que setores como o agro serão seriamente afetados”, informou o correspondente de Telesur no país, Milton Henao.
O jornalista recordou que nos Estados Unidos "os camponeses da agricultura são subsidiados, enquanto na Colômbia isto não tem sido possível. A última tentativa se fez com (o programa) Agro Ingresso Seguro (AIS)”, durante o Governo do ex-presidente Álvaro Uribe para "enfrentar os desafios que teriam os produtores do agro”.
O AIS foi planejado pelo ex-ministro da Agricultura, Andrés Felipe Arias, sob a administração de Uribe a fim de outorgar subsídios a agricultores. O programa se viu implicado em uma série de escândalos relacionados à corrupção e à entrega de recursos a grandes proprietários e figuras públicas.
Para o presidente da Central Única de Trabalhadores (CUT), Tarcisio Mora, o TLC "trará uma grande perda de empregos e a quebra do setor agrário, que não está preparado para a competição”.
Apesar das críticas, os industriais asseguram "que as exportações aumentarão em 6%, enquanto que a economia crescerá em 1%”, reportou Henao.
O jornalista também lembrou que o país do Norte atravessa uma "crise econômica” e, de acordo com os analistas, "não crescerá mais de 2% a economia” estadunidense e atualmente "encontra-se planejando políticas muito fortes de proteção a seus mercados”.
Além do setor agrário, a área do calçado também se verá prejudicada e "as indústrias culturais, por exemplo, a televisão colombiana, não poderá competir com tudo o que os Estados Unidos têm em matéria de tecnologia”.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e seu par estadunidense, Barack Obama, com o apoio dos republicanos, conseguiram nesta quarta-feira vencer a oposição de alguns legisladores democratas, que desde que se assinou o TLC em 2006 frearam a tramitação parlamentar em troca de maiores garantias para os trabalhadores colombianos e melhorias em matéria de direitos humanos no setor laboral.
"O Tratado de Livre Comércio não é justo para os trabalhadores na Colômbia ou para os trabalhadores nos Estados Unidos”, afirmou através de sua conta no twitter a democrata Nancy Pelosi, quem votou contra a ratificação.
A votação do TLC com Colômbia foi de 262 a favor e 167 contra. Quer dizer, o Tratado superou a maioria simples de 218 votos necessários para sua aprovação na Câmara de Representantes.
"Hoje é um dia histórico para as relações entre Colômbia e Estados Unidos, é um dia histórico para a inserção da Colômbia no mundo, é um dia histórico para os empresários e os trabalhadores colombianos”, afirmou Juan Manuel Santos desde Cartagena (norte), ao conhecer a votação realizada em Washington.
O Tratado de Livre Comércio começou a se negociar em 2004 e foi subscrito em 2006 pelo ex-presidente estadunidense, George W. Bush, e pelo então presidente colombiano, Álvaro Uribe, no entanto, a bancada democrata do Congresso dos Estados Unidos se opôs a sua ratificação argumentando violações aos direitos humanos dos sindicalistas na Colômbia.
Fonte: Telesur