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Tunísia: apuração indica avanço de partido islâmico

O movimento islâmico Ennahda obteve cerca de 50% dos votos nas duas primeiras províncias tunisianas onde a apuração já terminou, anunciou nesta terça-feira (pelo horário local, segunda-feira, 24, no Brasil) a Instância Superior Independente Eleitoral (Isie). O Ennahda já se pronunciou, afirmando que, segundo sua apuração paralela, a legenda já é vitoriosa nas eleições. 

Diante das queixas sobre o atraso no anúncio dos resultados do pleito de domingo, a Isie começou a publicar, por meio da agência tunisiana de informações TAP, os resultados, começando com os das províncias de Kebili (sul) e de Beja (norte), mas destacou que são "preliminares", pois alguns candidatos apresentaram recursos.

Nas duas províncias, o triunfo do Ennahda foi muito amplo: em Kebili, os islâmicos obtêm mais da metade dos votos, que se traduzem em duas cadeiras sobre as cinco em disputa. Já em Beja, o grupo fica também muito perto dos 50% de votos, que pela lógica do sistema de apuração se traduzem em duas cadeiras, frente às quatro distribuídas entre outros tantos partidos políticos.

A Isie já comunicou os resultados das votações de tunisianos residentes no exterior, que também confirmam o triunfo dos islâmicos moderados, já que o Ennahda obtém 9 das 18 cadeiras reservadas para a população que vive fora do país.

Atendo-se a seus próprios números – divulgados por seus interventores eleitorais -, vários responsáveis do Ennahda disseram que o partido obteria entre 30% e 40% das cadeiras, o que parece estar se confirmando pelos primeiros resultados oficiais.

"Os primeiros resultados confirmados mostram que o Ennahda obteve o primeiro lugar", disse o coordenador de campanha, Abdelhamid Jlazzi, diante da sede do partido, no centro de Túnis.

Cientes de que algumas pessoas na Tunísia e no exterior veem com cautela os políticos islâmicos, dirigentes do Ennahda salientaram a disposição em formar alianças com dois partidos laicos, o Congresso pela República e o Ettakatol.

"Não vamos poupar esforços para criar uma aliança política estável na Assembleia Constituinte. Tranquilizamos os investidores e os parceiros econômicos internacionais", afirmou Jlazzi.

A votação de domingo, com comparecimento superior a 90% do eleitorado, escolheu os parlamentares que passarão um ano redigindo a nova Constituição e que nomearão um governo provisório, que permanecerá até a realização de eleições no final de 2012 ou começo de 2013.

O Ennahda é dirigido por Rachid Ghannouchi, um acadêmico que passou 22 anos exilado na Grã-Bretanha devido a perseguições sofridas durante o governo do presidente Zine al Abidine Ben Ali. Considerado um moderado, ele usa ternos e camisas de colarinho aberto, enquanto sua mulher e sua filha vestem o hijab.

Ele insiste que seu partido não irá impor nenhum código de moralidade à sociedade tunisiana ou aos milhões de turistas ocidentais que veraneiam em suas praias.

Com agências