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OCDE aposta na reforma trabalhista para superar crise

As reformas estruturais, sobretudo trabalhistas, podem fazer a diferença para superar a crise econômica internacional, afirma a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), em relatório divulgado nesta sexta-feira, 24, no México.

"Uma agenda ampla e ambiciosa de reformas poderia estimular o crescimento do PIB anual até em média 1% nos próximos dez anos na OCDE", afirma o documento "Fazendo frente à Crise: as reformas estruturais podem fazer a diferença".

Reformas reacionárias

A receita da OCDE respalda a orientação que vem sendo imprimida às políticas econômicas dos países europeus altamente endividados, sob a batuta do FMI, Banco Central Europeu e União Europeia, a já famosa troika. Reflete mais os interesses dos bancos credores do que o objetivo honesto de solucionar a crise e restaurar um ambiente econômico que conduza à recuperação e ao crescimento.

A realidade sugere, ao contrário, que as reformas na área trabalhista, com redução dos direitos previdenciários e corte de salários, emprego e benefícios conquistados pela classe trabalhadora e consagrados no chamado Estado de Bem Estar Social, resultam em recessão e não em recuperação. A Grécia, há mais de quatro anos em recessão, é uma evidência disto. E é mais do que óbvio o retrocesso social decorrente de tais medidas.

Desemprego

O relatório da OCDE foi apresentado no México pelo seu secretário-geral, o mexicano Angel Gurría, antes do início, no fim de semana, de uma reunião dos ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do G20, de olho na cúpula presidencial do grupo a ser celebrada em junho.

Gurría afirmou que "as reformas estruturais específicas em cada país podem fazer a diferença, especialmente no contexto em que os instrumentos fiscais e monetários estão praticamente esgotados".

A partir da crise financeira mundial, acelerou-se o processo de reformas estruturais especialmente na Europa, conforme disse Gurría. "A reforma de pensões realizada na Grécia reduziu as prestações para quem se aposentar antes dos 65 anos e a idade de aposentadoria vinculou-se à espectativa de vida. Na Espanha, reduziu-se o custo das demissões dos funcionários com contrato permanente", mencionou. A taxa de desemprego na Grécia subiu a 20,9%. Na Espanha, é de 23%.

Cartilha neoliberal

No que diz respeito à América Latina e em especial ao México, as reformas estruturais poderão elevar o crescimento do PIB até os 6%, supõe o secretário-geral. Não é uma previsão digna de crédito, haja vista o que aconteceu na Grécia e em outros países, onde políticos e ideólogos neoliberais também prometeram milagre semelhante.

O documento da OCDE revela que as classes dominantes, capitaneadas pela oligarquia financeira, ainda não aprenderam com a crise e supõe que a saída esteja em mais neoliberalismo, embora grandes potências (como EUA, Alemanha e Japão) se reservem o direito de não seguir à risca esta surrada cartilha ideológica, que só agrava os desequilíbrios e problemas da economia mundial.

Da Redação, com agências