40 anos da Guerrilha do Araguaia: homenagem na Câmara
Nesta quinta-feira, 12 de abril, aconteceu na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro uma homenagem aos mortos e desaparecidos da Guerrilha do Araguaia e ao camarada José Reinaldo, Secretário Nacional de Comunicação do Partido Comunista do Brasil.
Publicado 13/04/2012 16:15 | Editado 04/03/2020 17:03

Através de uma iniciativa do vereador Roberto Monteiro (PCdoB/RJ), uma solenidade foi preparada no Salão Nobre da Câmara e, além de José Reinaldo, estiveram presentes, a presidente estadual do PCdoB, Ana Rocha; a presidente do Comitê Municipal do partido, Sônia Latgé; Djalma Oliveira, membro da direção estadual do PCdoB e irmão de umas das guerrilheiras do Araguaia assassinadas, Dina; o presidente da CTB-RJ, Maurício Ramos, além de diversos militantes e dirigentes partidários.
Djalma fez uma abordagem sobre os 40 anos do início da Guerrilha. José Reinaldo debateu a atualidade do socialismo e, em seguida, recebeu do vereador Roberto Monteiro, o título de Cidadão Honorário da Cidade do Rio de Janeiro.
Além do título para José Reinaldo, o vereador Roberto
Monteiro entregou um quadro com uma charge alusiva à Dinalva Oliveira, a Dina,
irmã do camarada Djalma.
Veja abaixo os discursos do vereador Roberto Monteiro (PCdoB/RJ)
ARAGUAIA
Queridos companheiros, queridas companheiras, neste 12 de abril relembramos os
40 anos da deflagração da Guerrilha do Araguaia.
A Ditadura Militar, que golpeou a democracia em 1964, instalou um regime de
terrorismo político.
Jovens eram assassinados por fazer passeatas estudantis, como foi o caso do
estudante Edson Luís de Lima Souto, morto aqui perto, no Calabouço, durante uma
passeata que protestava contra o preço abusivo do bandejão.
Foi neste cenário que estudantes, jovens e antigos lutadores pela democracia se
embrenharam nas matas do Araguaia, procurando construir a resistência contra a
Ditadura.
Nestas matas, durante anos eles resistiram, lutando bravamente junto com os
camponeses locais.
Nomes como Maurício Grabois, comandante da Guerrilha, ex-deputado constituinte,
Osvaldão, Helenira Rezende, Dina, entre outros, ficaram gravados na história.
História essa que cada vez será mais conhecida e exaltada pelas novas gerações,
que têm em suas mãos continuar a tarefa que aqueles camaradas iniciaram.
Não podemos falar em Guerrilha do Araguaia sem citar Elza Monnerat, sem citar
João Amazonas. Aliás, no próximo dia 27 de maio completam-se 10 anos de
falecimento de João Amazonas, personalidade cuja trajetória é motivo de orgulho
para o Partido e patrimônio de toda a esquerda.
Igualmente a Guerrilha do Araguaia é patrimônio, não só da esquerda, mas da
história de lutas do povo brasileiro.
Passaram-se 40 anos da deflagração da Guerrilha e até hoje não ficou esclarecido
como ocorreram muitas das mortes dos guerrilheiros e camponeses. Mais do que
isso. Até hoje muitos corpos não foram encontrados e suas famílias não tiveram o
direito de fazer um enterro digno.
É para prestar um modesto tributo a estes bravos combatentes que realizamos,
neste 12 de abril, a presente Sessão Solene.
Fico feliz de ter ao meu lado o meu camarada de Partido, Djalma Oliveira,
Secretário Estadual de Direitos Humanos do PCdoB e irmão de Dinalva Oliveira, a
Dina, uma das bravas guerrilheiras que morreram combatendo no Araguaia.
Djalma, ele mesmo um veterano revolucionário, com grandes serviços prestados à
causa socialista, filiado ao PCdoB há 43 anos, dedicou grande atenção à Guerrilha e
fará agora uma palestra sobre o tema.
Antes de passar a palavra ao Djalma, vamos exibir um rápido vídeo com trechos do
filme Camponeses do Araguaia e com uma homenagem às mulheres guerrilheiras.
Para encerrar só gostaria de dizer que a grande maioria dos guerrilheiros era
jovem. Dedicaram, pois, toda sua vida aos interesses maiores dos trabalhadores e
da pátria. De nossa parte, de todos que hoje continuam na luta, devemos reafirmar
diariamente: JAMAIS TRAIREMOS OS IDEAIS DO ARAGUAIA.
TÍTULO
Na primeira parte da nossa cerimônia, homenageamos a luta dos Guerrilheiros do
Araguaia.
A construção de um Brasil justo e igualitário, sonho daqueles que tombaram na
Guerrilha, continua sendo o nosso grande objetivo. A luta pelo socialismo persiste
movendo a esperança de jovens e trabalhadores. E neste sentido, o PCdoB jamais
arriou sua bandeira vermelha da foice e martelo, que continua tremulando bem
alto.
Tudo isso tem muito a ver com nosso homenageado o secretário nacional de
Comunicação do PCdoB, José Reinaldo de Carvalho, lutador de longa data, que ao
lado de João Amazonas contribuiu decisivamente para o fortalecimento do Partido
após o fim da Ditadura Militar.
Iniciou sua militância muito cedo. Com apenas 17 anos ingressou em 1972 no
então clandestino Partido Comunista do Brasil – PCdoB, na sua cidade natal,
Salvador, Bahia. A filiação ao PCdoB era, então, um ato de coragem, já que o Brasil
vivia a época mais repressora da ditadura.
Mergulhando de corpo e alma na resistência democrática, José Reinaldo atuou
como diretor do jornal “A Classe Operária” e da Revista “Princípios”.
Como Secretário de Relações Internacionais do Partido, José Reinaldo prestou
inestimável serviço ao movimento comunista internacional, colaborando em sua
rearticulação, após a queda do Muro de Berlim, e recolocando o PCdoB em contato
com este movimento.
Foi tal o êxito de José Reinaldo, que em 2008 o PCdoB foi o anfitrião do 10º
Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários, realizado em São
Paulo.
Jornalista profícuo, José Reinaldo é autor de centenas de artigos reproduzidos em
várias partes do mundo.
É autor também de dois livros publicados pela editora Alfa Omega: “Conflitos
Internacionais num Mundo Globalizado” e “Luta Imperialista x Hegemonia
Americana”.
É membro do Tribunal Internacional de Bruxelas e atualmente é o editor do “Portal
Vermelho”, principal sítio de esquerda na Internet, com cerca de 1 milhão de visitas
por mês.
Apaixonado pelo Rio de Janeiro, ao longo de sua militância esteve muitas e muitas
vezes em nossa cidade, ajudando, com seu inegável talento de orador, a formar
novas gerações de revolucionários.
Como se tudo isso não bastasse, José Reinaldo é torcedor apaixonado do Club de
Regatas Vasco da Gama, o que é revelador de sua alma carioca, já que torce pelo
mais carioca dos clubes.
Zé Reinaldo, como você sabe o Rio de Janeiro é considerada uma cidade rebelde.
Aqui foram travadas lutas históricas pela independência da pátria, contra a
escravidão, contra o fascismo, e muitas outras. Motivos não faltam para que você,
como novo carioca, sinta-se plenamente integrado a esta tradição.
Parabéns camarada, que você encare este título como um tributo de admiração e
incentivo dos seus camaradas do Rio, para que você continue cada vez mais firme
na sua trajetória de lutador revolucionário.
A Guerrilha do Araguaia foi massacrada pelos ditadores do regime militar e terminou com um saldo de dezenas de camaradas mortos e desaparecidos.