Mubarak é condenado à prisão perpétua no Egito e passa mal
O Tribunal Penal do Cairo condenou neste sábado (2) o ex-presidente Hosni Mubarak à prisão perpétua, em uma decisão histórica que gerou reações diferentes entre simpatizantes e críticos do do réu, tanto dentro como fora da corte. Ao ser transferido para a penitenciária, Mubarak sofreu um ataque cardíaco e recebia cuidados médicos.
Publicado 02/06/2012 10:02

Mubarak e seu ex-ministro do Interior, Habib Al-Adli, deverão passar o resto de sua vida atrás das grades, por "cometerem crimes premeditados" ao ordenar disparar contra mais de 840 manifestantes que se insurgiram contra seu governo em janeiro de 2011, segundo o veredito.
A sentença, lida pelo juiz Ahmed Refaat, converteu Mubarak no primeiro ex-líder árabe julgado e condenado por seu próprio povo presencialmente, devido à chamada Primavera Árabe. Na Tunísia, o líder deposto Zine El Albidine Ben Ali foi processado e julgado na sua ausência.
A decisão se iniciou precisamente às 10h (hora local, 8h GMT), com uma advertência do juiz Refaat de que cancelaria a sessão caso fossem registrados incidentes violentos, desatados minutos após a divulgação do veredito. Algumas pessoas que assitiam o julgamento terminaram feridas.
O magistrado e presidente da Corte recordou que o povo egípcio sofreu 30 anos de escuridão sob o regime de Mubarak e assegurou que o julgamento se desenrolou com justiça, imparcialidade e transparência, porque o objetivo era "mostrar a verdade".
Sublinhou que foram respeitados todos os direitos dos acusados e foram escutados seus depoimentos, além de terem sido recolhidas evidências em documentos que somam mais de 60 mil páginas. O Tribunal Penal do Cairo, ao contrário, desconsiderou as acusações de corrupção contra os filhos de Mubarak, Gamal e Alaa, que também enfrentam outro julgamento por enriquecimento ilícito, corrupção e malversação de fundos públicos por negócios turvos com um banco.
Mubarak enfrentava três acusações, tendo sido também processado por corrupção e enriquecimento ilícito, no mesmo processo de seus filhos, acusados ainda de viver na opulência, de abuso de poder e pelo desfalque de milhões de dólares dos cofres públicos.
Enquanto dentro do recinto que acolheu a decisão foram escutados gritos contra os juízes e houve confronto de familiares e advogados das vítimas com partidários dos condenados, do lado de fora simpatizantes do ex-mandatário pediam para "limpar o Poder Judicial".
Numerosos manifestantes no exterior da Academia de Polícia do Cairo manifestaram-se também a favor do veredito, com ânimos exaltados pelo que qualificaram como "dia histórico e de festa", ainda que tenham sido contidos por um volumoso dispositivo de segurança.
Ataque cardíaco
Mubarak sofreu um ataque cardíaco em sua chegada à penitenciária de Tora, quando ainda estava no helicóptero que o havia levado do tribunal onde foi julgado, informaram à Agência Efe fontes de segurança locais.
Mubarak, de 84 anos, estava sendo atendido dentro do helicóptero, e seria transferido assim que possível à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital da prisão.
Segundo a rede de televisão estatal do Egito, o ex-presidente sofreu um "ataque agudo e repentino" no momento em que a aeronave aterrissava no heliponto do presídio.
Com agências