Rudá Ricci: Sobre o falecimento de Robert Kurz
O filósofo alemão faleceu no último dia 18. Tinha 69 anos e havia se submetido a uma cirurgia nos rins. Seu livro mais conhecido no Brasil é O Colapso da Modernização. Foi um dos fundadores da revista Krisis . O grupo que gravitava ao redor desta revista chegou a publicar, em 1999, um manifesto contra o trabalho. Mais tarde, Kurz formou outro grupo, que teve na revista Exit! ("Crítica e Crise da Sociedade da Mercadoria") seu ponto de referência.
Publicado 21/07/2012 21:30
Kurz participava de um esforço de um grupo de intelectuais alemães que tinha na teoria do valor marxista sua referência de análise da crise da sociedade moderna. Evoluíram gradativamente para a reflexão sobre o trabalho, na virada do século XX para XXI, até que aportaram nas reflexões sobre a crise da sociedade da mercadoria, evolução que provocou a cisão do grupo original.
Um dos pontos de tensão foi a tentativa de superação da teoria da crise capitalista por superacumulação para algo mais amplo, envolvendo a crise da política, Estado Nacional e trabalho. O fundamento central era a noção de valor como forma social. Interessante como a noção de fetiche foi retomada, assim como ocorreu com a Escola de Frankfurt, pelos colaboradores da Krisis, para fundamentar a ausência de sujeitos (já que submetidos ao circuito da mercadoria fetichizada). Daí a crítica à noção da classe operária como classe emancipadora.
Recentemente, vários dos colaboradores da Krisis passaram a criticar a insuficiência dos movimentos antiglobalização da Europa e EUA. Afirmam que tais movimentos criam uma polêmica muitas vezes falsamente anticapitalista (como ocorreu com o discurso fascista, chegam a alertar), já que a mobilização se limita ao setor financeiro. Além disto, sugerem que as mobilizações recentes desconsideram a reflexão teórica, o que pode aumentar o risco dos protestos jogarem água no moinho do keynesianismo ou mesmo de alguns elementos de populismo de direita.
Publicado no Blog do Rudá Ricci