Jornalistas de El País anunciam greve contra 128 demissões

O jornal espanhol "El País" anunciou nesta terça-feira (9) a demissão de 128 profissionais e a aposentadoria compulsória de outros 21. As medidas foram justificadas por conta de uma crise no setor de comunicação. Depois de formalizadas as demissões, um comitê trabalhista do jornal colocou em prática medidas aprovadas em assembleia, como deixar de assinar suas matérias a partir de quarta (10) e entrar em greve a partir do dia 18 de outubro.

Os jornalistas do "El País" decidiram que a paralisação vai durar 18 dias no total — ocorrendo entre 18 e 29 de outubro e entre 1º e 9 de novembro. Também foi aprovada na assembleia a reprovação ao fundador do jornal, primeiro diretor e presidente da empresa, Juan Luis Cebrián, "por sua falta de lealdade para com a redação e sua nefasta gestão".

Cebrián lamentou a decisão, mas disse que "em sociedades como a que editam o 'El País', quem aprova ou reprova seu presidente e executivos é a assembleia de acionistas, não a dos trabalhadores".

Segundo José Luis Sainz, conselheiro do "El País", o jornal perdeu mais de 200 milhões de euros (R$ 525 milhões) em receita desde 2007, enquanto o tamanho da Redação se manteve estável no período. O custo médio por empregado do jornal, diz Sainz, é de 88 mil euros (R$ 230 mil) por ano –7,3 mil euros (R$ 19,2 mil) por mês.

Desde 2008, quando estourou a atual crise, 57 veículos de comunicação já fecharam na Espanha e 8.000 jornalistas perderam seus empregos.

Segundo o "El Mundo", as demissões do grupo comandado por Cebrián afetou também o econômico "Cinco días" (mais de 20 demissões), a Prisa Revistas (quase 40 demissões) e a Prisa Brand Solutions (quase 30 demitidos).

Javier Moreno, diretor do "El País", disse que a situação era "dolorosa". "Não vamos fazer o mesmo jornal com menos recursos. Teremos de fazer uma nova transformação".

New York Times

Cerca de 400 trabalhadores deixaram a sede do periódico "New York Times", em Nova York, Estados Unidos, e permaneceram dez minutos diante do prédio, no centro de Manhattan, para pressionar o jornal a ceder em negociações com o sindicato.

O "NYT" é tido como um dos jornais mais influentes no mundo. No entanto, do ponto de vista trabalhista, tenta impor há 18 meses uma mudança nos contratos de trabalho que, segundo o sindicato da categoria, reduzirá salários e benefícios.

Um dos repórteres, Donald McNeil Jr., que cobre a área de ciência, "a raiva está ficando pior". O publisher do jornal, Arthur Sulzberger Jr., vem ao Brasil nesta semana para a assembleia geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), em São Paulo.

Com Folha de S. Paulo