Energia: especialista diz que “há muito barulho sem problema”
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou, nesta quarta-feira (9), que não vai haver racionamento de energia e que está mantida a redução de 20% nas contas de luz. A despeito das declarações do governo, os principais jornais de circulação nacional insistem na tese da crise energética. Na avaliação do professor de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB) Rafael Shayani, há muito barulho sem um problema real à vista.
Publicado 10/01/2013 14:18
Segundo ele, o crescimento econômico aumentou o consumo de energia, houve um alerta preventivo, mas há tempo hábil para a adoção de medidas que garantam o abastecimento. E destacou que o sistema elétrico brasileiro é monitorado diariamente, afastando a possibilidade de crise como quer a grande mídia.
Lobão participou da primeira reunião do ano do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, que avalia o suprimento de energia do País e disse que o Brasil tem um "estoque firme" para sustentar o consumo nos próximos meses. De acordo com o ministro, a reserva de energia hoje é de cerca de 121 mil megawatts, bem mais elevado do que em 2001, quando houve racionamento de energia e o total disponível era de 70 mil megawatts.
O ministro também assegurou que as indústrias continuarão sendo abastecidas normalmente e que a situação dos reservatórios tende a melhorar por conta das recentes chuvas registradas em todas as regiões. A escassez de chuvas reduziu os níveis dos reservatórios que alimentam as usinas hidrelétricas, o que fez o governo recorrer às termelétricas.
Repercussão
A oposição se aproveita das matérias alarmistas da grande imprensa para repercutir o fato. Foi o que fez o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), integrante da Comissão de Minas e Energia e presidente da Frente Parlamentar da Infraestrutura Nacional. Ele atribui o atual cenário à falta de planejamento do governo e à dificuldade na obtenção de licenciamento ambiental para uma série de empreendimentos na área.
O deputado Fernando Ferro (PT-PE), que também integra a Comissão de Minas e Energia, fez o discurso contrário. Ele descarta o risco de racionamento imediato por conta dos investimentos maciços do Executivo na área de geração de energia, como é o caso dos empreendimentos no rio Madeira e a hidrelétrica de Belo Monte.
Ferro reconhece que o Brasil passa por uma das piores estiagens dos últimos 50 anos, mas ressalta que o País possui alternativas para o abastecimento de energia, como as termoelétricas, o que afasta a possibilidade de falta de energia.
“Compreendo que há uma preocupação justa por conta da situação climática, porém há também uma motivação política de querer criar um clima de que nós estaríamos à beira de um colapso energético. Isso é do uso da disputa política, mas me parece que é mais exagero", declarou.
Outras fontes
O professor Shayani aproveita a polêmica em torno do assunto para colocar em debate a necessidade de uma reflexão quanto à energia térmica, que é mais cara e poluente porque utiliza gás e óleo combustível. Na opinião do docente, poderia haver mais investimentos em fontes renováveis de energia, como a energia solar e eólica.
"É chamada microgeração eólica, na qual a energia que você gera, você consome na sua casa; se a casa estiver vazia e ventar ou fizer sol, você pode emprestar à rede elétrica a energia não consumida. As pessoas interessadas já podem procurar uma empresa especializada para fazer a instalação e a concessionária de distribuição fica responsável por ligar o sistema", explicou.
De acordo com o professor, se a instalação fosse feita nos 60 milhões de telhados brasileiros, seria gerada uma energia “considerável”, capaz de diminuir a dependência de outras fontes.
Da Redação em Brasília
Com Agência Câmara