Fernando S. Campos: Sou monolíngue, mas não sou monomaníaco
A imprensa empresarial e alguns partidos políticos em nosso país criam multidões de monomaníacos: pessoas enlouquecidas por ideia fixa que atanaza seus miolos. Este é o resultado de quem passa anos assistindo a telejornacionais.
Por Fernando Soares Campos*, do blog Assaz Atroz
Publicado 07/06/2013 14:52
Tratar a monomania é muito difícil, tarefa árdua. Os psiquiatras até que tentam, porém o sujeito acometido desse mal acaba seus dias de vida em frente a um televisor, num manicômio qualquer.
Mas resolver o monolinguismo é bem mais fácil, principalmente se a gente contar com tradutores como o pessoal da Vila Vudu.
Lendo textos traduzidos por essas abnegadas pessoas, que dedicam parte de seus tempos realizando, "di grátis", o trabalho de interpretar e transladar textos em línguas estrangeiras para o nosso vernáculo, aí, até Agente Podemos pode se livrar do pensamento único que azucrina sua vida e a paciência dos que tentam levar um papo saudável com ele.
Agente Sabemos, que sabe tudo através dos telejornais da mídia golpista e de revistinhas de sacanagem, anda indiguiado… quer dizer… indignado com o governo sírio.
Até a extrema esquerda brasileira quer dar extrema-unção a Bashar al-Assad, presidente da Síria. Os esquerdistas sectários embarcaram num drone midiático ianque, desses que pautam imprensa colonizada, e estão apoiando os "rebeldes" sírios na guerra "humanitária" pró "democratização" daquele país.
Não sei o que esses indivíduos pensam, mas posso imaginar. Provavelmente esperam ser consultados pelos meios de comunicação oligopolizados e empenhar suas sordidariedades… (pô! hoje este teclado está me aperreando) …suas solidariedades aos teleguiantes, a fim de, quem sabe?, brilhar na mídia, angariar votos e fazer prosélitos.
Vou dar uma dica marqueteira a esse pessoal que há séculos se conforma em comer pelas beiras, mas que hoje sonha em se apoderar do trono, ou promover o retorno das elites escravagistas, estas que os consideraram "oposição confiável" — aquela que faz o jogo dos poderosos usando máscaras de revolucionário, quando, na verdade, não passam de reacionários.
É a seguinte…
Ao serem consultados sobre suas posições em relação à guerra na Síria, vocês falam com o peito inflado, cheios de convicção:
— O governo sírio é responsável pelos distúrbios que estão ocorrendo na sua vizinha Turquia. Bashar al-Assad está financiando baderneiros, a fim de desqualificar o governo turco, aliado dos Estados Unidos, a pátria guardiã da democracia, da tradição, da família e da propriedade. Fomos informados, através de relatório do Agente Sabemos, que o tráfico de mulheres para os prostíbulos turcos é patrocinado por agência de espionagem da Síria, com o propósito de denegrir… (não, essa não, essa não é uma palavra politicamente correta) …de conspurcar a imagem da Turquia e boicotar o turismo eco-radical daquele país. Agente Podemos está convicto de que a queda do balão na Capadócia, vitimando alguns turistas brasileiros, foi coisa de muçulmano pró Assad, que, em ritual sincrético, rogou e São Jorge que fizesse um daqueles balões cair, mas foi atendido mesmo por Maomé.
Pronto, taí a dica. É pegar ou largar.
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Leia, no blog da sede da Agência Assaz Atroz, algumas verdades sobre a guerra na Síria
Irã News, redecastorphoto e Vila Vudu num só pacote contra a monomania
Irã News: "É no mínimo estranho o fato de alguns partidos brasileiros que a todo instante se proclamam legítimos representantes da esquerda apoiem uma chamada "revolução síria". E isso em um momento em que no país árabe está clara a participação dos países europeus e Estados Unidos com combatentes mercenários e armas em luta contra o Presidente Bashar al Assad." // redecastorphoto:"Políticos ocidentais têm derramado barris de lágrimas de crocodilo por conta do "povo sírio" e congratulam-se, eles com eles mesmos, no que chamam de "os Amigos da Síria", reunidos para salvar das garras da "tirania" o povo sírio."
*Fernando Soares Campos é jornalista. Colabora com o “Quem tem medo da democracia?”, onde tem a coluna Assaz Atroz.