Luiz Dulci: Procuramos distribuir renda, conhecimento e poder
O ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Luiz Dulci, diretor do Instituto Lula, afirmou nesta segunda-feira (23), em entrevista a Márcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo (FPA), que o Brasil tem desafios e não a crise proferida nos discursos pessimistas de setores conservadores da política nacional. Ele afirmou que a oposição não tem política econômica para apresentar.
Publicado 24/09/2013 10:41
Dulci ressaltou que Brasil de hoje é um país menos desigual, com menos miséria, mais rico e apoiado em bases sólidas de crescimento, mas ainda há muito a avançar. “Seria até falta de juízo, como dizia minha mãe, negar que um país como o nosso enfrenta desafios”, resumiu
Segundo o ex-ministro, poucos países no mundo estão crescendo acima de 2%. A China está crescendo menos e a África está crescendo 5% ao ano ou um pouco menos. Os países desenvolvidos ainda estão em recessão e não vão crescer acima de 2%, como por exemplo, Estados Unidos e Itália. “Que país em crise teria criado 127 mil empregos em um único mês?”, questionou.
Como falta à oposição o anúncio de um projeto alternativo, o que resta a ela é apostar no pessimismo. “Como isso não acontece, como os resultados são bons e a população percebe que os resultados são predominantemente bons, eles acabam passando do ponto e fica muito evidente que eles estão torcendo para que o país fracasse”, disse Dulci, que lembrou várias previsões que não se confirmaram, entre elas a recente previsão de hiperinflação, na qual o tomate foi eleito como grande vilão.
"A oposição brasileira não tem projeto alternativo, infelizmente. É bom para o país quando a oposição tem uma proposta", diz Dulci. E acrescenta:"A oposição não tem uma politica econômica para apresentar. É luta política e eles erram a mão. Eles torcem para dar errado e a população percebe. É uma aposta contra o Brasil e alguns setores da mídia e da economia. Tentaram criar uma crise com a inflação". Para Dulci, o PSDB "era para ser um partido de centro esquerda, mas foi transitando para a direita". "O PSDB assumiu o neoliberalismo ao chegar no governo e acabou se transformando num partido de centro direita", afirma Dulci.
Dulci foi secretário-geral da Presidência da República durante os oito anos de governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). No primeiro semestre deste ano, o ex-ministro lançou o livro "Um salto para o futuro", pela Fundação Perseu Abramo, no qual faz analisa os falsos dilemas e avanços do Brasil na última década.
Dulci falou sobre seu trabalho no Instituto Lula, como diretor para América Latina, sobre as conquistas econômicas e sociais do Brasil nos últimos 10 anos e também sobre o pessimismo propagado por parte da oposição e da imprensa. E afirmou que alguns os meios de comunicação "são usados quase como partidos políticos mas não queremos controlar conteúdos. Por que os movimentos não podem ter canais de TV ou rádio? precisamos ampliar para os excluídos".
Participação popular
Luiz Dulci teve um papel importante na realização das 74 Conferências Nacionais durante o governo Lula. Segundo o ex-ministro, delas participaram diretamente cinco milhões de pessoas, nos níveis municipal, estadual e nacional. “E nenhuma delas foi um passeio, todas elas tinham polêmicas, debates acalorados”, lembra. Dulci usou a expressão “governabilidade social” para destacar que, além de aperfeiçoar as propostas, as conferências serviram para trazer as forças populares para o debate e mudar a correlação de forças mesmo depois que essas propostas foram aprovadas. “Uma vez o Lula me disse: ‘Nosso governo quer distribuir renda, sim, mas não só. Queremos distribuir renda, conhecimento e poder”.
Da redação,
com informações do Instituto Lula e da Folha de S.Paulo