Questionado, Alckmin diz que não afastará secretários denunciados

Em relatório entregue no dia 17 de abril ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer afirmou que possui “documentos que provam a existência de um forte esquema de corrupção no estado de São Paulo” durante os governos tucanos de Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra. Questionado, Governador de SP, Geraldo Alckmin diz que não afastará secretários denunciados.

Foto: Edson Lopes/Governo de SP

Questionado sobre envolvimento do primeiro escalão em pagamento de propina para caixa 2 do PSDB, governador de São Paulo repete o que fez há quatro meses, quando surgiram os primeiros indícios de corrupção contra a administração do PSDB em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin repetiu nesta quinta-feira (21) que é o maior interessado na apuração das denúncias contra políticos tucanos e seus aliados. 

Alckmin usou a palavra durante sete minutos e dedicou apenas três para responder sobre as denúncias de corrupção. E disse que, apesar de ser favorável à elucidação do caso, não vai afastar nenhum secretário sem provas. “Não tem sentido fazer afastamento se não tivermos acesso aos documentos. Nosso compromisso é rigor absoluto na investigação, rigor total.

“Já determinei ao corregedor-geral da administração, Gustavo Úngaro, para que requisite imediatamente ao Cade e à Polícia Federal todas essas informações”, informou Alckmin, repetindo o mesmo discurso utilizado quando as primeiras denúncias de formação de cartel começaram a aparecer. “Essas denúncias são mais de um ano e meio anteriores ao acordo de leniência (entre Cade e Siemens) e nunca tivemos informação desse depoimento. Então, estamos requerendo judicialmente que nos enviem toda essa documentação para apurarmos rigorosamente tudo.” E insistiu: “Precisamos ter acesso aos documentos.”

Em nota, Edson Aparecido disse que vai processar o "deputado Pedro Simão" – alusão ao atual secretário de Serviços da cidade de São Paulo, Simão Pedro, autor de uma das denúncias originais contra o cartel, em 2008, além do Cade e do ex-diretor da Siemens. “Os três produziram um acordo espúrio em que o próprio denunciante admite fazer acusações em troca de cargo, diz ter informações privilegiadas sobre o andamento das investigações e negocia um apoio de um partido, e não do Estado. Eu desafio esse cidadão a mostrar quaisquer provas contra mim."

Na manhã desta quinta-feira (21), o secretário estadual de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Jurandir Fernandes, admitiu ter recebido Teixeira “três vezes em seu gabinete”. Fernandes é um dos secretários citados pelo ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer como tendo “intensa relação com Teixeira”, em relatório entregue ao Cade.

“Eu conheço o Teixeira. Tive de fazer um levantamento correndo para saber o grau de intimidade que eu tenho com ele. Duas vezes ele acompanhou um grupo de portugueses da Efacec. E uma outra ele veio apresentar a empresa dele, que é a referida na reportagem. Essa é a intimidade que tenho com ele”, disse Fernandes, em entrevista coletiva de lançamento do Bilhete Único Mensal, na sede da prefeitura de São Paulo. Alckmin esteve presente à solenidade, mas não teceu qualquer comentário sobre o tema.

Após um mês de sua criação pelo governador, em agosto, o Movimento TranSParência, formado para envolver a sociedade nas investigações sobre corrupção no Metrô e na CPTM, havia realizado poucas reuniões sem que qualquer informação relevante tivesse sido tornada pública. Segundo o advogado Vicente Bagnoli, da Ordem dos Advogados do Brasil seção São Paulo (OAB-SP), que participou dos encontros, as entidades que representam a sociedade civil fazem só um acompanhamento. “A OAB não decide, não faz sugestão de como o estado deva ou não proceder, não é papel da OAB. A OAB simplesmente acompanha as ações do estado.”

Com informações da Rede Brasil Atual