Premiê toma posse na Índia; comunistas defendem reforma eleitoral
Narendra Modi toma posse do cargo de primeiro-ministro da Índia nesta segunda-feira (26). Líderes de oito países vizinhos, inclusive do Paquistão, participam da cerimônia, assim como outros quatro mil convidados, de acordo com a emissora NDTV. Os 44 ministros de Modi também prestaram juramento no palácio presidencial, diante do presidente Pranab Mukherjee. Os comunistas indianos, por outro lado, aproveitam o momento para reflexões sobre o sistema eleitoral e as políticas econômicas recentes.
Publicado 26/05/2014 16:11

O premiê venceu pelo Partido Popular Indiano (BJP, na sigla em hindu), da direita social-conservadora, prometendo “revitalizar” a terceira economia mundial em paridade de poder de compra, e a décima em termos de Produto Interno Bruto (PIB) nominal, de US$ 1,87 trilhão em 2013. O país também integra o grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
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Para o Partido Comunista da Índia (Marxista) – PCI (M), o partido de Modi beneficiou-se de uma onda anti-Congresso Nacional Indiano (do ex-premiê Manmohan Singh) e do uso de uma quantia histórica de poder monetário nas campanhas.
Os resultados, para o partido e as forças de esquerda da Índia, “foram decepcionantes”, diz um comunicado dos comunistas, publicado logo após as eleições, em sua página oficial. Para a Frente de Esquerda, que o partido compõe, episódios de violência disseminada no estado de Bengala Ocidental (no leste do país) distorceram os resultados, mas não foram averiguados pela Comissão Eleitoral.
“O povo votou contra as políticas do governo da Aliança Unida Progressista (UPA) liderada pelo Congresso [Nacional Indiano] que resultaram no aumento dos preços, estafa agrária e corrupção. Eles votaram por uma mudança e pelo alívio dos problemas que os afligem. O PCI (M) continuará trabalhando para defender os interesses do povo trabalhador e salvaguardar o quadro secular e democrático do país,” diz o comunicado.
“Durante a campanha, ficou claro que o povo, em todo o quadro, estava ansioso por um governo que lhe pudesse dar alívio dos ataques contínuos contra sua vida cotidiana,” diz o editorial do jornal eletrônico do PCI (M), o People’s Democracy, de 16 de maio. O texto ressalta os últimos dois anos do governo como de imposições de “fardos econômicos sem precedentes” através do aumento dos preços, do arrefecimento da economia e do consequente desemprego. O descontentamento do povo foi suficientemente explorado pelo Partido Popular Indiano, afirma o texto. Entretanto, Modi defende uma posição nacionalista negativa, com a polarização das diferentes comunidades indianas.
Para o PCI (M) há uma necessidade urgente de correção de distorções graves, com reformas eleitorais que abarquem o financiamento corporativo dos partidos políticos e as restrições dos gastos. “O PCI (M) é o único partido que propôs a proibição direta das doações de empresas a partidos políticos,” diz o editorial do People’s Democracy, e também defende a introdução de um sistema de representação parcial proporcional no sistema eleitoral.
O partido diz comprometer-se com o fortalecimento das lutas populares nestas questões e trabalhar pela unidade, integridade e fundações seculares-democráticas da Índia, opondo-se às políticas econômicas anti-populares enquanto trabalha por uma direção política popular.
Da Redação do Vermelho,
Com informações de agências e do People's Democracy