Protesto contra política de arrocho reune 50 mil em Londres
Milhares de pessoas marcharam pelo centro de Londres na tarde de sábado (21) em um protesto contra as políticas de austeridade apresentadas pelo governo de coalizão Britânico. Os manifestantes se juntaram próximo ao Parlamento onde foram feitos diversos discursos, incluindo comediantes como Russel Brand e Mark Steel.
Publicado 23/06/2014 16:31

Cerca de 50 mil marcharam do prédio da BBC (BBC Broadcasting House) no centro de Londres até Westminster, onde fica o Parlamento.
"As pessoas desse prédio [referindo-se à House of Commons, que seria o equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil] não nos representam, eles representam seus amigos nos grandes negócios. É hora de nós tomarmos de volta nosso poder", diz Brand. "Essa será uma revolução pacífica, divertida e sem esforço. Estou muito grato de estar na Assembléia do Povo."
"O poder não está lá, está aqui, conosco", complementa. "A revolução que é necessária não é a das ideias radicais, mas da implementação das ideias que já temos."
Um dos organizadores da marcha, em fala na assembléia, afirma que a virada foi a "prova do nível de indignação que existe no momento". Ele diz que a ação de sábado foi "apenas o começo", com uma segunda marcha planejada para outubro em alinhamento com o Congresso dos Sindicatos de Trabalhadores ('The Trades Union Congress), assim como uma greve planejada para o próximo mês.
Clare Solomon, porta-voz da Assembléia do Povo, diz: "É essencial para o bem estar de milhões de pessoas que se pare a austeridade e que esse governo de coalisão morra na pista antes que provoque mais danos à vida das pessoas e aos serviços públicos".
Sam Fairburn, o secretário nacional do grupo, completa: "Os cortes estão matando pessoas e destruindo serviços públicos que nos são muito caros, que serviram gerações.”
Ativistas do grupo Stop The War Coalition, fundado em 2001 após o ex-Presidente Norte-Americano George Bush anunciar a “Guerra contra o terrorismo” após os ataques de 9 de Setembro, e que desde então milita pelo fim das Guerras do Afeganistão e Iraque, e o Campaign for Nuclear Disarmament, grupo ativista anti violência, que luta pelo desarmamento nuclear, também participaram do protesto.
A multidão escutou discursos de apoiadores da Assembleia do Povo na Praça do Parlamento, incluindo a parlamentar do Partido Verde Britânico Caroline Lucas e o jornalista Owen Jones (jornalista e escritor socialista, colunista de jornais como The Guardian e Independent). Sobre os manifestantes Jones diz: "Quem é realmente responsável pela bagunça em que está esse país? São os vendedores de frutas poloneses ou as enfermeiras Nigerianas? Ou são os banqueiros que mergulharam no desastre econômico – ou os que sonegam impostos? É uma raiva seletiva."
E continua: "Os conservadores estão usando a crise para empurrar políticas que sempre apoiaram. Por exemplo, a venda do nosso sistema nacional de saúde (NHS). Eles construíram um país em que a maioria das pessoas que estão na pobreza também estão trabalhando."
A Assembleia do Povo foi criada com uma carta aberta ao The Guardian (um dos mais importantes jornais Britânicos), em fevereiro de 2013. Entre os signatários estão Tony Benn (político e ex-membro do parlamento pelo Partido Trabalhador Britânico) que morreu em março desse ano, o jornalista John Pilger (jornalista e documentarista, correspondente na Guerra do Vietnã no início de sua carreira, crítico da mídia tradicional e da política externa Britânica e americana, que ele classifica de imperialistas), e o cineasta Ken Loach (conhecido como cineasta socialista, que abordou questões como Direitos Trabalhistas e a questão dos Sem Teto em seus filmes).
A carta aberta diz: "Esse é um chamado para as milhões de pessoas na Inglaterra que encaram um ano de empobrecimento e incertezas com seus salários, trabalho, condições e bem estar repetidamente atacados pelo governo. A Assembléia vai criar um fórum nacional por visões anti-austeridade que, embora cada vez mais populares, são raramente representadas no parlamento."
A policia Metropolitana se recusou a fornecer estimativas sobre o número de pessoas no ato. Um policial da corporação disse que a força não recebeu nenhum relato de prisões. O representante do primeiro ministro se recusou a comentar o ato.
Fonte: The Guardian