Homenagem marca Dia Nacional da Visibilidade Lésbica
“Ninguém conseguirá me ofender me chamando por nomes que significam apenas o meu amor por outra mulher”. A frase é da artista e ativista Vange Leonel, que faleceu este ano e deixou como legado a reafirmação de valores para as mulheres lésbicas. Ela foi homenageada, nesta quinta-feira (28), em ato conjunto da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) e Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) para marcar o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, celebrado em 29 de agosto.
Publicado 29/08/2014 11:18

No encontro, a ministra Ideli Salvatti ressaltou a importância do combate ao preconceito e a violência contra lésbicas. Em seguida, elogiou a manifestação enviada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que, na ausência de lei específica, casos de homofobia sejam enquadrados como crimes de racismo.
“A base da homofobia e do racismo é a mesma”, explicou a ministra da SDH/PR – enfatizando o compromisso do Estado brasileiro com as mulheres lésbicas. “Isso porque a motivação, seja na questão patrimonial (de classe), seja na questão racial (de gênero), da discriminação, da violência e do preconceito nada mais são do que facetas de disputa de poder.”
As ministras da Cultura, Marta Suplicy e das Mulheres, Eleonora Menicucci, também participaram da homenagem. Para Marta, o combate a lesbofobia deve ser também o combate ao machismo e o sexismo. Já Menicucci defendeu que a sociedade não deve mais conviver com o preconceito e a dor das violações de direitos, ressaltando a importância de combater a violência institucional contra mulheres lésbicas.
A homenagem contou ainda com a presença da juíza do Tribunal de Justiça de Santa Catarina Sônia Moroso Terres e da Presidenta do Tribunal Superior Militar, Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha, que também defenderam o enfrentamento à lesbofobia.
A ministra Ideli Salvatti entregou flores e placas em homenagem à artista à mãe e à companheira de Vange (Foto), Maria Helena Leonel Gandolfo e Cilmara Bedaque. A escritora, cantora, compositora, ativista feminista e lésbica Vange Leonel, nascida em São Paulo em quatro de maio de 1963, destacou-se por sua determinação e energia na defesa da liberdade, da igualdade de direitos e da diversidade sexual. Faleceu aos 51 anos no último dia 14 de julho. Com passado de ativismo com grupos GLS e feministas já nos anos 1980, Vange Leonel assumiu publicamente sua homossexualidade em 1995.
Após a homenagem, os participantes assistiram ao filme Flores Raras, na Caixa Cultural. O filme conta a história do relacionamento entre Elisabeth Bishop (poeta americana vencedora do Prêmio Pulitzer em 1956) e Lota de Macedo Soares (arquiteta carioca responsável pela construção do Parque do Flamengo).
A letra “L” no movimento
O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica foi instituído a partir do Seminário Nacional de Lésbicas, ocorrido em 29 de agosto de 1996, no Rio de Janeiro, por iniciativa do Coletivo de Lésbicas do Rio de Janeiro (COLERJ).
Como um dos resultados, a letra L (de "lésbicas") passou a compor a sigla que designa o conjunto de orientações sexuais, a agora consagrada LGBT. Essa inclusão consolidou um dos primeiros compromissos do movimento homossexual para com a pauta das lésbicas.
O Relatório Sobre Violência Homofóbica-Lesbofóbica no Brasil, de 2012, mostra que 37,59% das vítimas que se declararam homossexuais são lésbicas. A violência lesbofóbica, muitas vezes, é invisível e estas mulheres, em sua maior parte, são vítimas de um machismo extremado, manifestado em violências das mais diversas – simbólica, moral, física, institucional, entre outras.
Da Redação em Brasília
Com informações da SDH