Fátima Teles: Sustentabilidade e direitos humanos
O Planeta Terra está envelhecido, cansado, desgastado e por isso clama por socorro. Ele não quer rejuvenescer, pois, sabe que não pode. Porém, quer ser preservado para manter-se vivo, gerando qualidade para todos os seres que nele habitam.
Por Fátima Teles*, especial para o Portal Vermelho
Publicado 17/09/2014 10:50

A Carta da Terra, documento iluminado, concluído no ano 2000, com muita inspiração, por vários povos de culturas variadas, traz em seu bojo o chamamento para a responsabilidade da humanidade, diante da Terra mãe. Logo no seu preâmbulo, diz :
Os desequilíbrios ambientais aliados aos desequilíbrios de ordem moral, causados pelo homem, está ameaçando a vida de todos os seres que habitam a Terra. A lei de ação e reação que rege o universo vem ao longo dos séculos tentando despertar a humanidade para a sua responsabilidade social, vem tentando acordar o homem para que haja a compreensão de que tudo o que se planta, colhe. Tudo o que se faz, recebe de volta. O equilíbrio da justiça universal está na causa e efeito, de modo que a natureza responde sempre como é tratada.
O que são os tsunamis, os terremotos, as catástrofes geográficas, os maremotos, senão a grito de indignação de Gaia?
Está na hora de arrumar a casa. Gaia chora, grita, clama, revolta-se. Tudo o que nós precisamos para nossa sobrevivência, nós temos aqui na Terra. Os recursos naturais nos dão as condições para uma vida digna e de qualidade. O reino mineral nos fornece o seu bem maior, a água, fonte de alimento para a sobrevivência do corpo físico. O reino vegetal nos dá a alimentação, além dos remédios extraídos de suas plantas e flores. O reino animal tão útil, explorado e violentado ainda por nós, diante de nossa condição inferior espiritual, que necessita matar e alimentar-se de cadáver, para manter-se vivo. O homem, como a criação mais complexa de Deus, não age com sabedoria, mas com a inteligência ambiciosa e egoísta, acreditando que a natureza está a mercê de sua vontade, de seu suposto poder. A humanidade arrasta-se para sua falência moral, ameaçando a vida de sua própria espécie, pela devastação da natureza,, provocada pela sua ganância.
A desigualdade econômica e social do mundo é aviltante. As barreiras que separam ricos e pobres são altas, que não há possibilidade de ultrapassagem. Vivemos uma apartação social onde cada classe tem um lugar definido. Quem detém os meios de produção quer mais produção, para que o lucro seja cada vez maior e por isso explora mais também. A globalização na prática contribui para o aumento da desigualdade econômica e social e para o aumento da concentração de renda, uma vez que os países desenvolvidos estão aliados pelos mesmo interesses de crescimento e poder, econômico ou ideológico em detrimento dos países que ainda não se desenvolveram aos moldes do século 21, na corrida capitalista pelo desenvolvimento econômico em agravo ao desenvolvimento social.
Desenvolvemos a inteligência, descortinamos a ciência, mas falimos espiritualmente. Oprimimos o semelhante como se fôssemos superiores, numa ilusão de que os bens da Terra nos pertencem.
Nossa desumanidade precisa se humanizar.
Vamos arrumar a casa! Gaia nos chama!
(*) Fátima Teles é Assistente Social e colaboradora do Portal Vermelho
Referências bibliográficas
BOFF, Leonardo. Carta da Terra in Sustentabilidade: O que é- O que não é. Petrópolis, RJ.Vozes,2012.p.167-183.
BOFF, Leonardo. Sustentabilidade : Questão de vida ou morte in Sustentabilidade: O que é- O que não é. Petrópolis, RJ.Vozes,2012.p.13-29..