Ex-beneficiária do Bolsa-Família chega à universidade

Desde que se separou do marido, em 2005, Neiva Oliveira do Nascimento passou a ser a responsável pelas despesas da casa, assim como acontece em 38% dos lares brasileiros, que são chefiados por mulheres. Ela lembra que esses foram tempos difíceis em que passou a vender doces de casa em casa para sustentar as três filhas: Rebeca, Fabiana e Priscila.  

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“Minha vida sempre foi de muita luta e trabalho, saía de casa todos os dias às 6 horas da manhã para vender rapadura e cocada na rua”, lembra. Nessa época, Dona Neiva passou a receber o apoio financeiro ao cidadão de baixa renda, o Bolsa-Família.

Moradora da Boca do Rio, bairro popular de Salvador (BA), ela foi uma das primeiras mulheres da capital baiana a receber o benefício. Segundo ela, como já tinha o gás garantido, ela usava o dinheiro principalmente para garantir a alimentação das filhas, assim como ocorre com 87% das famílias beneficiadas pelo programa.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, (Ibase), a alimentação é o principal gasto dos beneficiários do programa, seguida por material escolar e vestuário.

Em 2010, Dona Neiva saiu do programa por ter conseguido emprego fixo. Hoje, com 51 anos, ela é auxiliar administrativa em um condomínio comercial de Salvador e passou a fazer parte dos 1,7 milhão de brasileiros que deixaram de receber o benefício por não precisar mais da ajuda do governo.

Entrada na Universidade

Em 2012, Dona Neiva viu no programa de capacitação técnica uma oportunidade: fez o curso técnico de desenho e topografia, o que a estimulou a tentar uma vaga na Universidade. Hoje ela cursa o segundo semestre de Arquitetura e Urbanismo em faculdade particular da capital baiana, com auxílio do programa de financiamento de estudos em instituições de ensino superior.

“Eu acredito que a gente tem que procurar melhorar, estudar, se aperfeiçoar, eu sempre falo isso para as minhas filhas. O dinheiro do programa me ajudou em um momento difícil, mas eu sempre batalhei para sustentar a minha família. O benefício foi um apoio importante para que hoje eu pudesse caminhar com as minhas própria pernas”, afirma.

Das três filhas da Dona Neiva – que puderam permanecer na escola durante os anos em que a mãe recebia o benefício – duas delas, Rebeca e Priscila, estudam hoje Enfermagem e Veterinária na Universidade Federal da Bahia (UFBA). As estudantes entraram na faculdade pelo sistema de cotas para remanescentes de escolas públicas. A filha do meio, Fabiana, estuda Administração e trabalha hoje em uma importante indústria de alimentos de Salvador

Na segunda-feira (20) o programa Bolsa-Família completou 11 anos ampliando acesso da população mais pobre e reduzindo desigualdades de forma multidimensional. Na ocasião, a ministra Tereza Campello afirmou que “famílias pobres com garantia de renda gastavam imediatamente em alimentação, vestuário, calçados, remédios, material escolar, ou seja, em produtos produzidos no Brasil, o que faz a economia ficar muito mais dinâmica.”

Da Redação em Brasília
Com Blog do Planalto