Após acordo, chanceler do Irã é recebido como herói

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, chegou em seu país como herói, sendo saudado por centenas de pessoas nas ruas no entorno do aeroporto de Mehrabad, onde desembarcou, nas primeiras horas desta sexta-feira (3) após o acordo conseguido com as o grupo 5+1 (formado por Estados Unidos, China, França, Reino Unido e Rússia, além da Alemanha) e que resultará no levantamento das sanções impostas ao país, além da manutenção da maior parte do programa nuclear iraniano.

O ministro iraniano de Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif

Apesar de o acordo ter sido anunciado quando já era noite no Irã, diversos cidadãos foram às ruas comemorar principalmente o fim das restrições econômicas que pesam sobre o país.

O direito do país a um programa nuclear pacífico é o maior êxito do pacto, segundo declarações, dadas nesta sexta pelo vice-chanceler e uma das principais figuras na negociação, Abbas Araqchi, em entrevista a uma emissora iraniana.

"O outro lado simplesmente buscava construir confiança no sentido de que o Irã não progrediria rumo a uma dimensão militar da energia atômica, e nós nos movimentamos para assegurar-lhes esse aspecto. Em troca exigimos as legítimas e básicas reivindicações da República Islâmica, a mais importante delas é o reconhecimento internacional de nosso programa nuclear", detalhou.

O governo brasileiro, que tentou, em 2010, juntamente com a Turquia, intermediar um acordo com o Irã, sem êxito, expressou satisfação com o acordo de Lausanne e disse que os atuais esforços têm que ser aproveitados para garantir uma solução duradoura. "Temos consistentemente reiterado que não há alternativa a uma solução negociada para essa questão e que as presentes tratativas constituem oportunidade que deve ser plenamente aproveitada para se chegar a uma solução duradoura sobre a matéria", como afirmou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, qualificou o acordo como promissor: "o resultado é promissor. Estabelece um marco político sobre as vias de solução para os principais problemas (…) e oferece boas possibilidades" para um acordo definitivo, disse Lavrov em entrevista coletiva em Bichkek, capital do Quirguistão.

O governo chinês também elogiou o processo e pediu que o “processo histórico seja completado”.

A Arábia Saudita disse ter esperança de que o acordo conduza para o fortalecimento da estabilidade e segurança na região. Posição semelhante foi sustentada pela Turquia, que se disse “feliz” pelo acordo.

Iranianos comemoram nas ruas

Ainda na sexta, logo após o anúncio, o presidente norte-americano, Barack Obama, chamou o acordo de “histórico”. Segundo o chefe de Estado, o país passará por supervisões que nenhuma outra nação jamais passou. "Se eles estiverem tendo outros planos em mente, nós saberemos. Se o país violar as normas, haverá mais sanções rígidas", explicou, acrescentando que as negociações ainda não terminaram, mas que apontam para um panorama de segurança em escala mundial.

Já o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, voltou a dizer, em um comunicado, que o acordo é uma ameaça para a existência de Israel. “A alternativa é permanecer firmes e aumentar a pressão sobre o Irã até que se alcance um pacto melhor”, lamuriou.

Fonte: Opera Mundi