Governo golpista de Kiev deixa ucranianos sem liberdade de escolha
O Portal Vermelho traz a público, por meio do jornal comunista espanhol La República.es, as declarações do Partido Comunista da Ucrânia após a resolução do ministro da Justiça do país do Leste europeu, Pável Pétrenko, que proíbe os partidos comunistas de tomar parte dos processos eleitorais, começando pelas próximas eleições municipais.
Publicado 25/07/2015 17:01

Ao assinar a resolução que proíbe todos os partidos comunistas de participarem nos processos eleitorais, o governo está privando os ucranianos da possibilidade de apoiar os ideais da esquerda e o direito de eleger, tão caros àqueles que defendem a democracia burguesa, segundo disse ao site Golos.ua o presidente do PC da Ucrânia, Petro Simonenko.
"Se analisamos a situação fica evidente que tudo isso foi feito às pressas, movido pelo medo. Decisões como essas demonstram que se aproxima o momento da falência do país, caso esta gente continue no poder. Isso deixou claro o verdadeiro rosto daqueles que falam em opiniões democráticas. O governo proíbe o povo de escolher uma alternativa e o proíbe de ter seus representantes. Em consequência, proíbe o povo de protestar contra as políticas de empobrecimento. Isto é, a população foi privada da liberdade de eleger, impedindo que ela tenha a possibilidade de apoiar os ideiais de esquerda", declarou Simonenko.
Ao mesmo tempo, ele assinalou que, apesar das declarações do governo, as forças políticas de esquerda estão decididas a tomar parte nas eleições aos orgãos municipais, previstas para o outono (primavera no Brasil) deste ano. "O direito constitucional não pode ser anulado por uma ordem de um ministro de Justiça", disse.
"Manteremos consultas com nossos advogados, mas posso dizer a vocês que, com toda certeza, nossa força política está decidida a tomar parte das eleições. O Ministério da Justiça nos proibiu de tomar parte do processo eleitoral, mas o direito constitucional não foi anulado e a ordem do ministro não se sustentará", sublinhou Simonenko.
Por outro lado, o analista político ucraniano Ruslan Bortik, em declarações ao Golos.ua, mostrou-se convencido de que a decisão de proibir todos os partidos comunistas de tomarem parte dos processos eleitorais na Ucrânia será refletida de modo positivo em relação ao apoio da população a essas forças políticas.
"Eu me posiciono ante declarações deste tipo com um toque de humor. É algo que beneficia as forças de esquerda. É uma resolução que, sem dúvida, levantou uma onda de apoio aos partidos e isso é uma espécie de aviso aos ucranianos que estão descontentes com o governo. É como se dissessem: 'vejam, aí estão os verdadeiros opositores, os que tememos'. É uma decisão que vai acabar jogando a favor do aumento da simpatia pela esquerda e por seu crescimento".
Por outro lado, Bornik não exclui que o governo tenha preparado "seus" projetos de esquerda, que emulem uma atividade correspondente no campo eleitoral. O analista também acha que as decisões adotadas serão facilmente revertidas no transcurso de um processo judicial.
"É uma resolução facilmente derrubada em um tribunal e, ao menos de forma mínima, a defesa conseguiria paralizá-la. Além do mais, acredito que o documento que foi assinado não obedece às normas europeias de direito e, por isso, se deve apelar aos organismos europeus, algo que repercutirá negativamente para o presidente da Ucrânia e o representante da Justiça. Não devemos esquecer que sempre se pode substituir o nome do partido, isso permitiria escapar desta lei específica e da perseguição que o Ministério da Justiça faz em relação à esquerda.