Delegados reforçam no STF acusação de corrupção contra Alberto Fraga
Delegados da Polícia Civil do Distrito Federal responsáveis pela investigação que resultou na ação penal em que o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) figura como réu no Supremo Tribunal Federal (STF) reforçaram, na quarta-feira (2), as acusações de que o parlamentar participou de um esquema de corrupção na época em que chefiou a Secretaria de Transportes, no governo de José Roberto Arruda.
Publicado 04/12/2015 15:21

Os depoimentos foram colhidos no segundo andar do Anexo II do STF pelo juiz Márcio Schiefler, auxiliar do ministro Teori Zavascki, relator da ação.
Às 11h em ponto, hora marcada para a audiência, Fraga chegou à sala indicada e acabou sendo confundido com um advogado por funcionárias do Supremo. “Não, hoje estou na condição de réu”, afirmou o deputado, que é bacharel em Direito.
Por quase uma hora, o delegado Flamarion Vidal, que esteve à frente da Divisão de Combate aos Crimes contra a Administração Pública (Decap), fez colocações contundentes contra o deputado do DEM, uma das referências da chamada Bancada da Bala no Congresso Nacional.
Propina
Conforme Vidal relatou ao magistrado, diversos depoimentos e gravações dão conta de que o deputado cobrava propina para favorecer cooperativas de transportes. Ainda segundo o delegado, extratos bancários confirmam os pagamentos ilegais. Esses acordos teriam movimentado cerca de R$ 4 milhões.
No depoimento desta quarta-feira, Vidal deixou claro que existem evidências suficientes para apontar o envolvimento de Fraga em um complexo esquema de pagamentos de propinas durante os anos em que se manteve como um dos homens do então governador Arruda. As denúncias contra o ex-secretário ganharam força após a prisão, em 2009, do então chefe do Executivo local, envolvido no escândalo que ficou conhecido como Mensalão do DEM.
A Polícia Civil chegou a deflagrar diversas operações para cumprir mandados de busca e apreensão. Em uma dessas investidas, foram encontrados em um apartamento de hotel em Brasília um revólver calibre 38 sem registro e mais de mil munições, que seriam de posse do deputado. Na ocasião, também foram apreendidos materiais eletrônicos, com gravações feitas pelo próprio Fraga.
Em setembro deste ano, a 2ª Turma do STF acolheu, por unanimidade, a denúncia de que o parlamentar teria exigido e recebido R$350 mil para concretizar contratos de adesão entre o governo e uma das cooperativas. O ministro Teori Zavascki, acompanhado dos demais ministros do Supremo, entendeu que a documentação e os depoimentos presentes nos autos justificavam o recebimento da denúncia por suposta prática do crime de concussão, ou seja, exigir vantagem indevida em razão do cargo.
Naquela ocasião, a mesma Turma, também por unanimidade, negou pedido de absolvição sumária formulado pela defesa de Fraga.
Negativa
Por diversas vezes, o deputado Alberto Fraga negou com veemência qualquer envolvimento nas denúncias acolhidas pelos ministros do Supremo. Por telefone ao Fato Online, ele voltou a dizer que está tranquilo e que não há consistência nas acusações. “Agora, verdadeiramente, vou poder me manifestar e apresentar minha defesa”, afirmou, reclamando de não ter sido ouvido anteriormente pela Justiça.
Fraga antecipou, ainda, que seus advogados preparam uma ação para responsabilizar criminalmente o delegado que esteve à frente das investigações. “Não tenho dúvida de armação política por trás de tudo isso”, pontuou.
A ação penal em questão, de número 911, seguirá tramitando no STF, até que o caso seja julgado em plenário.