"Não estamos brincando de fazer democracia", diz Maranhão
O presidente da Câmara em exercício, Waldir Maranhão (PP-MA), rebateu, na noite desta segunda-feira (9), as declarações do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e disse que não está "brincando de fazer democracia". Nesta segunda, ele decidiu anular a votação do impeachment na Câmara, apontando vícios na tramitação. Mas Calheiros resolveu ignorar a ação e anunciou que seguirá com o processo no Senado.
Publicado 09/05/2016 19:55

"Tenho consciência do quanto esse momento é delicado, momento em que temos de salvar a democracia pelo debate. Não estamos, nem estaremos em momento algum, brincando de fazer democracia", afirmou.
Em um breve pronunciamento, que durou menos de três minutos, o parlamentar reafirmou a decisão de aceitar o recurso da Advocacia-Geral da União, anulando as sessões da Câmara dos dias 15, 16 e 17 de abril – esta última que culminou com a votação pela admissibilidade do processo de impeachment.
Maranhão defendeu que sua posição está de acordo com o regimento interno da Câmara e com a Constituição. Segundo ele, a anulação é necessária "para que nós possamos corrigir em tempo vícios que certamente poderão ser insanáveis no futuro" e ocorre em respeito à continuidade do processo democrático.
"Quero (…) me dirigir a todos vocês que aqui estão, que têm o dever de levar aos lares brasileiros mundo afora, que o nosso país tem salvação pela democracia, pelo embate, pelo combate. Que o rigor das leis é que dá ao cidadão as suas garantias individuais", disse Maranhão.
Ao anunciar que não levaria em consideração a decisão do presidente da Câmara, Renan Calheiros afirmou, durante a tarde desta segunda (9), que "aceitar essa brincadeira com a democracia seria ficar pessoalmente comprometido com o atraso do processo" de impeachment.
Pelo Twitter, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), também reagiu à fala de Calheiros. "No meu dicionário, direito de defesa e devido processo legal são assuntos sérios. Brincadeira é fingir ser sério um 'impeachment' sem crime", escreveu. "Todo mundo sabe que invenção de 'pedaladas fiscais' e meia dúzia de decretos orçamentários são mero pretexto para um vergonhoso golpe. Diante de um golpe 'inevitável', há quem prefira participar ou ser cúmplice. E há quem tenha coragem. Parabéns aos que lutam", disse.
Confira abaixo a íntegra do pronunciamento de Waldir Maranhão na noite desta segunda:
Tenho consciência do quanto este momento é delicado, momento que nós temos o dever de salvarmos a democracia pelo debate. Nós não estamos, nem estaremos, em momento algum, brincando de fazer democracia.
Quero, com essas palavras, me dirigir a todos vocês que aqui estão, que têm o dever de levar aos lares brasileiros, mundo afora, que o nosso país tem salvação pela democracia, pelo embate, pelo combate. Que o rigor das leis é que dá ao cidadão as suas garantias individuais.
Sou do Estado do Maranhão e vim servir ao meu país e ao meu Estado. Estado esse que tive a oportunidade, filho de pais humildes, mas que me deram educação, e, pela escola pública, me graduei em veterinária. Pela escola pública fiz a minha pós-graduação. Tornei-me reitor por duas vezes em minha universidade. Tornei-me pró-reitor de graduação. Portanto, é com essa história, em respeito a essa história, aos mais humildes do meu país, que não podem ser marginalizados.
E a colegas, em momentos de emoção, de forma respeitosa ou não, tem o dever e o direito de expressar os seus pensamentos, tão sorte que eu deixo este comunicado. Este comunicado certamente dará a cada um de nós o divisor de águas da nossa democracia".