Artistas se unem em todo o Brasil contra retrocessos do governo Temer

Uma ampla mobilização de artistas e intelectuais toma conta do Brasil. Já há dez sedes da Funarte ocupadas em estados diferentes, além do Distrito Federal, a medida busca denunciar a manobra golpista de Michel Temer que extinguiu o Ministério da Cultura. A luta em defesa do MinC vai além do apoio a Dilma Rousseff, trata-se de garantir direitos conquistados ao longo de décadas.

Por Mariana Serafini

Manifestação pelo MinC em SP - Tiago Pelegrini Macambira / Cuca da UNE

Esta semana é marcada por marchas, ocupações e reuniões de artistas e intelectuais. Na segunda-feira (16), cerca de 60 se reuniram em uma casa em Botafogo, no Rio de Janeiro, a partir da convocação da Associação de Produtores de Teatro do Rio. Entre eles estavam Leoni, Renata Sorrah, Marieta Severo, Tonito Pereira, Marco Nanini, Bruna Linzmeyer, além de outros ligados a entidades, como Paula Lavigne, que representa o Procure Saber.

O prédio onde funciona a Funarte no Rio foi ocupado e os manifestantes receberam apoio dos artistas. Segundo Lavigne, os artista vão fazer atividades culturais diariamente às 19 horas. Ainda não há uma programação, mas Otto e Lenine já anunciaram que farão shows nesta quarta-feira (18).

Depois de uma longa discussão, os artistas emitiram uma nota pública, em repúdio ao retrocesso proposto por Michel Temer. Na carta, eles falam sobre a conquista que significou a criação do Ministério da Cultura há 30 anos e como isso vai impactar hoje no desenvolvimento de políticas públicas e fomento da cultura. (leia ao final do texto a íntegra)

Em São Paulo uma marcha que saiu do Masp, na Avenida Paulista, terminou em frente à sede da Funarte, na região da Barra Funda. A longa caminhada recebeu apoio da população que colocou bandeiras vermelhas e acenou das janelas dos prédios por onde os manifestantes passaram. As mulheres deram o tom da luta, eram maioria.


Ocupação da Funarte em São Paulo | Foto: Eduardo Figueiredo/Mídia Ninja
 

Ao chegar na sede da Funarte os manifestantes encontraram com as pessoas que haviam ocupado o prédio durante a tarde e com a outra marcha que havia partido do Teatro Oficina; as manifestações se fundiram em uma grande atividade política e cultural.

Além do Rio e São Paulo, as sedes da Funarte de Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará foram ocupadas entre segunda e terça-feira (16 e 17).

Leia a nota dos artistas contra Michel Temer:

Às vésperas das comemorações do bicentenário da independência do Brasil, o setor cultural recebe com repúdio a Medida Provisória que extinguiu o Ministério da Cultura. Este ato promoveu um retrocesso de 30 anos. O MinC é uma conquista da sociedade brasileira e não pode deixar de existir, especialmente num cenário de ausência completa de debate com os interlocutores necessários.

A alegada demanda por uma máquina pública enxuta não pode ser implementada à custa do desmonte de estrutura dedicada à guarda e preservação da identidade nacional.

Encaminhamos este documento público para expressar a fundamental importância da permanência do Ministério da Cultura, como órgão superior e nacional para formulação de políticas a altura da relevância de um projeto de cidadania e desenvolvimento.