Sindicato dos Comérciários do RJ cobra empresa acusada de racismo
“Ah sua neguinha” e “vai estudar!”. Foram algumas das frases que a comerciária Amanda Gregório disse ter ouvido do médico do trabalho Eduardo Carvalho, na sede do supermercado Mundial, em Bonsucesso, na zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Após registrar queixa na 27ª Delegacia de Polícia (Vicente de Carvalho), a trabalhadora relatou o caso ao Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, que está prestando assessoria jurídica à comerciária e cobrando providências dos gestores do Mundial.
Publicado 07/11/2016 18:36

Amanda Gregório, 30 anos, trabalha há quase dez anos no supermercado Mundial, atualmente na função de atendente. Este ano, ela esteve de licença médica pelo INSS durante seis meses. Voltou ao trabalho há pouco mais de um mês. Em 26 de outubro, numa consulta, recebeu atestado médico para dispensa por quatro dias.
Após o registro da ocorrência Amanda veio ao Sindicato dos Comerciários pedir ajuda. Conversou com o diretor Marcelo Black, que coordena o coletivo de promoção da igualdade racial do Sindicato, recebeu orientações no Departamento Jurídico e foi atendida também no Departamento Médico pela psicóloga do Sindicato. “Compramos o barulho da Amanda. Vamos dar a ela todo o suporte e partir pra cima da empresa, para que esse tipo de problema não mais se repita no Mundial. Queremos não apenas uma retratação, mas que o Mundial passe a orientar seus funcionários sobre questões relacionadas ao racismo e a todas as formas de discriminação”, comentou Marcelo Black, que acrescentou: “Outros funcionários do Mundial que passaram por situações parecidas devem aproveitar e também denunciar ao Sindicato”.
O racismo no Brasil é considerado um crime inafiançável e imprescritível. Um problema que ainda ocorre é a sua confusão com o crime de injúria racial. A injúria racial ocorre quando são ditas ofensas como, por exemplo, chamar um negro de “macaco” ou uma negra de “neguinha”. A acusação de injúria racial permite fiança e tem pena máxima de um a três anos. Já o racismo envolve o menosprezo à raça de alguém, seja por impedimento de acesso a determinado local, seja pela negação de algum direito tomando por base a raça da pessoa. Como exemplo, pode-se considerar o impedimento de matrícula de uma criança em uma escola por ela ser negra como um caso de racismo. A pena é de três a cinco anos de prisão.
Existem muitas formas de denunciar. A mais eficaz delas é registrar um boletim de ocorrência em uma delegacia e, em seguida, procurar um advogado para cuidar do processo. Os comerciários do Rio podem contar com atendimento jurídico gratuito e especializado oferecido pelo Sindicato.