Paz mais longe na Palestina
A construção de novos colonatos e a possível instalação da representação diplomática dos EUA em Jerusalém minam a perspectiva de pacificação do Oriente Médio.
Publicado 26/01/2017 18:29

No primeiro caso, ao aprovar, domingo, 22, a edificação em Jerusalém Leste de mais 566 habitações para colonos, o governo liderado por Benjamin Netanyahu prossegue a expansão sionista em clara afronta ao direito do povo palestiniano a estabelecer na parte Oriental daquela cidade a capital da almejada nação independente, cujas fronteiras estão limitadas à ocupação territorial de 1967.
A decisão, além do mais, afronta resoluções adotadas nas Nações Unidas, a última das quais aprovada no passado mês de dezembro (resolução 2334). Na ocasião, o Conselho de Segurança (CS) da ONU aprovou pela primeira vez um texto em que se considera que as colônias judias são um obstáculo à solução de dois estados e à paz sustentável no Oriente Médio, instando, por isso, Israel a interromper a colonização.
Os EUA abstiveram-se de usar o direito de veto, mas logo nos primeiro dias de janeiro a Câmara dos Representantes em Washington rejeitou a iniciativa diplomática ao aprovar, por 342 votos a favor e 80 contra, uma declaração que condena o documento do CS das Nações Unidas, titulando-o até de "anti-israelita".
Afronta histórica
O apoio dos EUA à política criminosa sionista pode, porém, subir mais patamares, caso se venha a concretizar o projeto de transferência da embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém. A Casa Branca confirmou, domingo, 22, que o processo se encontra no início.
Mahmud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, que havia saudado a resolução do CS da ONU na qual se condena os colonatos israelitas, advertiu que a mudança da representação diplomática norte-americana destruiria as esperanças de paz ao sufragar a anexação de Jerusalém Leste por Israel. No mesmo sentido, pronunciaram-se a Organização de Libertação da Palestina e o Hamas, para quem a legitimação da ocupação seria desastrosa. Posteriormente, também a chancelaria dos Negócios Estrangeiros francesa lamentou a intenção dos EUA.
Recorde-se que em Paris, a 15 de janeiro, representantes de mais de 70 países reiteraram o seu compromisso com a solução de dois estados e rejeitaram ações unilaterais em matéria de fronteiras, refugiados e sobre Jerusalém. O documento final não incluiu qualquer proposta de sanção contra Israel por exigência do então secretário de Estado dos EUA, John Kerry. A Grã-Bretanha adotou uma posição ainda mais enfática ao recusar subscrever a declaração final.
Não obstante, em nome da Palestina, Mahmud Abbas congratulou-se com o resultado da conferência de Paris, mais concretamente pelo sublinhado da necessidade de fazer prevalecer as resoluções da ONU e o Direito Internacional na abordagem do conflito israelo-palestino.