Sindicalistas denunciam precariedade na Gerdau de Ouro Branco (MG)

A soldadora Elicléa de Aquino Silva, da empresa Convaço, vítima do acidente na Usina da Gerdau em Ouro Branco, que matou três trabalhadores e feriu outros 12, voltou a ser internada e seu estado de saúde é crítico. 

Explosão na Gerdau em Minas mata dois trabalhadores e deixa dez feridos

No dia 15 de agosto, quando da explosão na Coqueria 2 da Gerdau, a trabalhadora foi encaminhada a um hospital. Cinco dias após a alta médica ela voltou a ser hospitalizada. Agora seu quadro se agravou e ela está internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) de um hospital em Belo Horizonte.

A informação é do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Ouro Branco, Congonhas, Jeceaba e Base (Sindob) e vice-presidente da Federação dos Metalúrgicos de Minas Gerais, Raimundo Nonato. Ele deu a informação durante Audiência Pública, na noite desta segunda-feira (04) na Câmara Municipal de Ouro Branco. Na pauta, o acidente na Gerdau e os problemas enfrentados pelos trabalhadores.

Nonato denunciou a precarização das relações trabalhistas na planta da Gerdau no município: “Infelizmente sentimos falta de uma coisa básica demais, que é o técnico de segurança. Hoje, os trabalhadores são treinados para assumir o cargo de técnico de segurança. Tudo em nome de um lucro fácil e de redução de custos. Reduzem-se os custos à custa da desgraça dos trabalhadores, das famílias que ficam e daqueles que estão feridos”, acusou.

Insegurança

Ele informou ainda que “os trabalhadores se sentem inseguros para trabalhar. Essas denúncias chegam diariamente ao Sindicato, nós vivemos alertando, realizamos reuniões, dentro da área da empresa, com a Gerência de Segurança da Gerdau. Porque nós temos livre acesso à empresa. Mas nem só por isso podemos evitar certas coisas”.

Arquivo Parlamentar
Os vereadores Lan e Geraldo Pedro e a sindicalista Katia Stella Maris
Foi além, disse que o “Sindicato faz papel de polícia. Quem tem de policiar seus trabalhadores e garantir a segurança deles é a empresa. Ao Sindicato cabe pura e simplesmente ter a coragem de fiscalizar e criticar, como nós estamos fazendo”. E informou que a representação sindical também faz “o papel de assistente social dos trabalhadores é o sindicato. Quem faz papel de psicólogo é o sindicato. Fornecemos até cesta básica para os trabalhadores que estão afastados, para os trabalhadores que estão com registro. Fazemos até o lado social. E ainda não ouviu nenhuma crítica da atuação sindical, pois seriam injustas”, pontuou.

Raimundo Nonato afirmou que o Sindicato vem municiando o Ministério Público do Trabalho, de âmbito federal, de informações relativas aos problemas vividos pelos trabalhadores em geral e naquela planta.

Terceirização

Participante da Audiência – uma iniciativa do vereador Lan (PCdoB) e do deputado estadual Celinho Sinttrocel (PCdoB) –, o vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Romualdo Alves, destacou que o Brasil é o País que mais registra acidentes de trabalho, denunciou 12 vítimas fatais da Gerdau em 12 meses, a maioria terceirizada, e o “governo Temer por ter forçado a terceirização, que significa reduzir direitos e aumentar lucros. A CTB vai continuar lutando para que os trabalhadores possam voltar para a casa depois da jornada e que tenham condições de se aposentar em condições dignas. Porque com a Reforma da Previdência, os que se aposentarem por invalidez receberão menos 30% do valor dos proventos a que teriam direito e isto se conseguirem se aposentar”, afirmou.

A deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG) e o deputado Leonardo Monteiro, designados pela Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público para monitorar os fatos relativos ao acidente e a assistência às vítimas, em nome da Câmara dos Deputados, não puderam participar da Audiência. Foram chamados pela presidência da Câmara para a sessão extraordinária desta segunda-feira (04).

O representante da deputada Jô Moraes, José Neto, e também o assessor do deputado Celinho do Sinttrocel Gelson Alves , o dirigente da Fitmetal, Alex Custódio, e a presidente do Sindicato dos Servidores Público, Kátia Stella Maris manifestaram preocupação com a incidência de acidentes na planta da Gerdau em Ouro Branco, fazendo vítimas. E foram unânimes em atribuir os acidentes à terceirização, “que não leva em conta as vidas humanas, mas o lucro”, conforme o sindicalista Alex Custódio. Eles defenderam esforço para o engajamento de todos os trabalhadores e a população em geral na luta em favor da vida, com medidas rigorosas de segurança no trabalho.

O deputado Celinho Sinttrocel encaminhou mensagem, que foi lida no evento, em defesa dos direitos dos trabalhadores e “contra a negligência com a vida”.

No final, o vereador Lan, proponente da Audiência pública, reivindicou das prefeituras de Ouro Branco, Conselheiro Lafaiete e Congonhas – que concentram trabalhadores e atividades da Gerdau – uma maior interlocução com a empresa sobre segurança no trabalho. Ele avaliou a reunião como positiva, “pois esclarecedora das questões relativas aos acidentes de trabalho na planta da empresa e também na busca de soluções para que a atividade laboral não seja perigosa, não represente risco de vida”.