Publicado 01/02/2018 11:15

A secretaria municipal de Saúde alega aposentadoria dos profissionais que atuavam na equipe responsável para justificar o encerramento das atividades, mas há suspeitas de que se trata de uma decisão política, e que coloca em risco a vida das mulheres.
"Uma mulher com melhor situação financeira consegue um aborto. O problema é que esse atendimento era voltado para as pessoas que não têm condições de pagar um aborto seguro", afirmou a conselheira de Saúde Ana Rosa Costa.
Inaugurado em 1989, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina, o serviço do aborto legal no Hospital Jabaquara foi o primeiro no Brasil e na América Latina, e rapidamente se tornou referência. Atualmente o serviço é prestado em cinco hospitais na cidade de São Paulo, um para cada região.
Desde 1940, o aborto legal é permitido em casos de gravidez decorrente de estupro ou quando coloca a vida da gestante em risco. Mais recentemente, em 2012, o aborto também passou a ser permitido nos casos de anencefalia – ausência parcial ou total de cérebro no feto.
Segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do ministério da Saúde, as complicações decorrentes de aborto clandestino são a quarta causa de morte materna, no Brasil.
Irotilde Gonçalves Pereira, assistente social que fez parte da primeira equipe multidisciplinar do Hospital Jabaquara dedicada a realizar o procedimento, lamenta a suspensão. Segundo ela, durante os 28 anos de funcionamento, o foram realizados cerca de 300 abortos legais, o que evitou o crescimento da mortalidade materna, principalmente entre as mulheres pobres.