Apropucc faz 30 anos e tem vigor para muito mais

Faz 30 anos que a Associação dos Professores da PUC de Campinas – Apropucc – foi fundada. Reportamo-nos a 1978. O Brasil ainda vivia sob a ditadura militar implantada em 1964. Mas já havia minimamente a possibilidade de participação popular.

O regime militar já demonstrava suas debilidades. No primeiro semestre de 78, ocorreu a primeira grande greve dos metalúrgicos do ABC paulista, comandada pelo atual presidente da república. Aliás, foi nesse momento que começava a aparecer a liderança carismática de Lula. É um período de intensa mobilização e de reorganização do movimento sindical brasileiro tão brutalmente golpeado pela ditadura militar.
Também foi no primeiro semestre de 78 que uma chapa de oposição, constituída por professores das instituições privadas de ensino, concorreu à eleição da diretoria do Sindicato dos Professores de Campinas e região . A eleição revelou o número diminuto de sindicalizados, cerca de 240, para uma base estimada de 5 mil professores na época. A oposição perdeu por uma diferença de 29 votos. Perdeu, mas não esmoreceu!


 


O grupo de professores que se reuniu pela primeira vez no segundo semestre de 1976, e que conseguiu formar a chapa de oposição que concorreu em 1978, reunia-se semanalmente. Entre eles estavam professores da Pucc, que, juntando-se a outros colegas daquela Universidade formaram, em outubro de 77, a Comissão Provisória Pró-Apropucc que em março de 78 veio a público ''… ''denunciar a prática desses atentados à liberdade de ensino, de expressão e organização, na certeza de que o silêncio é sinônimo de cumplicidade e de conivência …''e que ''nessa luta , nunca é demais insistir , o que está em jogo é a liberdade de ensino, de expressão e de organização, da qual não devemos transigir sob pena de faltarmos aos mais elevados propósitos do magistério''.


 



Foi exatamente na data comemorativa do professor – 15 de outubro de 1978 – que se realizou a assembléia de fundação da Appropucc. Compareci a essa assembléia, na condição de representante do movimento de oposição sindical dos professores. A chapa única apresentada e que viria se constituir na diretoria provisória da entidade, tinha à frente, o professor e juiz de direito João Penido Burnier Júnior. A escolha do Professor Burnier ocorreu inclusive pelo fato de ser juiz de direito e uma personalidade marcante na cidade de Campinas. Ficaria muito difícil para o Reitor da Universidade – que se caracterizava por ser um homem de posições conservadoras e que utilizava métodos autoritários na condução da Universidade – demitir o Professor Burnier e impedir a fundação da Apropucc.


 


 


A outra grande vitória que obtivemos foi quando em 1981 com uma chapa constituída por professores comprometidos com a luta por melhores salários e condições de trabalho, pela educação pública e de qualidade para todos e pela transformação da injusta sociedade que vivemos,  venceu a eleição da diretoria do sindicato.


 



É difícil num pequeno artigo como este, ressaltar todas as lutas desenvolvidas pela Apropucc nesses 30 anos de existência. Foram muitas as lutas e muitas as conquistas. Memoráveis greves ocorreram por melhores salários e condições de trabalho. A carreira docente foi conquistada numa dessas greves. A participação dos professores foi, em determinados momentos , de grande intensidade. Assembléias lotadas, lideranças sendo forjadas na luta, posições relativas aos destinos do movimento apresentadas e debatidas com muito vigor, vida universitária marcada pela transmissão do conhecimento, pela pesquisa e pela extensão e por uma participação política vigorosa. Educação de qualidade implica também na formação de jovens com senso crítico desenvolvido. E os professores na medida que participavam, estimulavam mesmo que indiretamente, a participação política dos estudantes e funcionários. E assim a Universidade se constituía de fato, na medida em que refletia sobre os problemas que ocorriam no seu interior e na sociedade em geral. Rompia-se, na prática, com o isolamento que tanto afeta as Universidades. Ressalta-se a parceria da Apropucc com o Sinpro num trabalho articulado de cooperação, rompendo com a competição que normalmente se instala quando duas ou mais entidades atuam numa mesma base.


 


Hoje, por uma série de circustâncias que vai desde o neoliberalismo implantado no Brasil no início dos anos 90, provocando o crescimento vertiginoso do desemprego, até atitudes autoritárias tomadas pela mantenedora da universidade em determinados momentos, há um refluxo na participação dos professores . Porém, a Apropucc conseguiu sobreviver, graças à dedicação de seus diretores e de alguns professores que sempre estimularam a existência da entidade. Sabemos que infelizmente muitas associações e outras organizações por local de trabalho, em várias cidades do Brasil, sucumbiram diante da avalanche neoliberal.


 


Na citação de nomes que se destacaram nesses 30 anos corremos o risco de cometer injustiças. Por isso prefiro citar apenas os nomes dos presidentes, os quais representam todos aqueles que deram a sua valiosa contribuição para que a Aproupuc desempenhasse esse importante papel:  João Penido Burnier Júnior, Enildo Pessoa, Adalberto Paranhos, Carlos Alberto Martins, Ari Vicente Fernandes, Lídia Maria Rodrigo,Vera Irma Furlan, Maria Therezinha Marques, Marise Aparecida de Lima, Maria Clotilde Lemos Petta, Viviana Aparecida de Lima, Maurício Francisco Ceolim e novamente Viviana Aparecida de Lima, atual presidente.


 



Uma última palavra de incentivo à Viviana e aos colegas da atual diretoria: '' Vocês são os protagonistas atuais dessa luta que começou há mais de 30 anos e que se insere na luta mais geral dos trabalhadores brasileiros, pela construção de uma sociedade justa e democrática. Continuem firmes, com muita coragem e determinação, como tem ocorrido até agora''!


 


 


Parabéns a todos que colaboraram para que a Apropucc chegasse aos 30 anos com vigor para muito mais!

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