Cuba, 50 anos de Revolução Socialista (1)

Há exatamente 62 anos, em dezembro de 1946, o Hotel Nacional de Havana abrigou uma reunião de pouco mais de duas centenas de famílias do crime organizado estadunidense. Os chefões da máfia estiveram presentes, com exceção de Al Capone que com sérios pr

Foto: Fulgêncio Batista; Fidel Castro; Raul Castro; Ernesto Chê Guevara; Cienfuegos; Abel Santamaria; Haydeé Santamaria


 


 


Para animar as noites do encontro, o contratado foi o famoso Frank Sinatra. Desde 1930, paulatinamente, Cuba se transformou no paraiso dos cassinos e do crime organizado, em contraste com a miséria e a segregação racial. Enquanto a maioria da população vivia uma terrível situação de fome, de falta de saneamento básico, com baixos níveis de escolaridade e condições de saúde muito precárias, os burocratas dos Estados Unidos e a elite branca local viviam em comunidades fechadas, em residências, ruas e jardins muito bem cuidados. A Revista História, publicada recentemente pela Editora Abril, que se refere aos 50 anos da Revolução Comunista em Cuba, traz alguns detalhes sobre esse período sombrio vivido pelo povo cubano.


 


 


Destaca-se desde 1933 Ruben Fulgêncio Batista que de forma autoritária exerceu o poder político em Cuba durante 25 anos, seja como presidente ou como eminência parda. Como fazia o jogo da máfia e dos interesses do Governo dos Estados Unidos, Fulgêncio Batista, logo após o golpe de Estado de 1952, recebeu apoio irrestrito do Presidente Eisenhower. Ambos tinham em comum ódio brutal aos comunistas. Ele fugiu de Cuba no dia 31 de dezembro de 1958, como decorrência da Revolução comandada por Fidel Castro. E como era de se esperar foi abrigado pelos ditadores Salazar e Franco, vivendo em Portugal e na Espanha.


 


 


Em 26 de julho de 1953, um grupo de revolucionários comandado por Fidel Castro – que na época tinha 26 anos tentou ocupar o Quartel Moncada, considerado uma das maiores fortalezas do Exército de Fulgêncio Batista. A tentativa não atingiu seu objetivo e os irmãos Castro, Fidel e Raul, foram presos, juntamente com mais de 60 participantes. Registraram-se 18 mortes de revolucionários. Entre os presos estavam os irmãos Abel e Haydée Santamaria. Na prisão Haydèe recebeu uma encomenda que continha os olhos do irmão e os testículos do namorado Boris Luis La Coloma que também havia participado da tentativa de ocupação do Quartel Moncada. Este fato tornou-se símbolo do sistema de tortura implantado por Fulgêncio Batista.


 


 


Após saírem da prisão, Fidel e Raul foram para o México e em 1955, encontraram-se pela primeira vez com Che Guevara. Em 1967 Che afirmou ao Jornal Granma que conheceu Fidel ''durante uma daquelas noites mexicanas frias,e lembro que nossa primeira discussão foi sobre política mundial. Poucas horas depois, de madrugada, eu já era um dos futuros expedicionários (…) Era hora de fazer, de combater, de planejar. De deixar de chorar para começar a lutar''. Por sua vez, Fidel num discurso pronunciado em 1967 disse que Che ''era dessas pessoas por quem tomamos afeto no primeiro momento pela simplicidade, caráter, naturalidade, companheirismo, personalidade e originalidade, mesmo quando ainda não conhecemos as virtudes singulares que o caracterizam''.


 


 



Tanto para Fidel, quanto para Raul e Che, era fundamental organizar o movimento revolucionário que desembocasse na tomada do poder político em Cuba, tendo como objetivo a transformação profunda da sociedade que era tão desigual e que levava a maioria da população ao sofrimento cruel. Sérgio Tauhata no artigo ''Ano Novo, Vida Nova'' descreve a reação do povo cubano, há 50 anos: ''Que reveillon foi aquele em Havana! Na passagem de 1958 para 1959 uma festa sem precedentes tomou conta da cidade. Pedestres agitavam bandeiras e carros buzinavam, como se todos comemorassem a conquista de uma Copa do Mundo… ora de jipe, ora sobre um tanque de guerra, o comandante percorreu 700 quilômetros e foi saudado por multidões pelo caminho. No dia 8 de janeiro, finalmente entrou na capital, conduzido por um tanque do regime que ele acabara de derrubar. Ao seu lado, estavam Cienfuegos e outro heróis da Revolução. Para a maioria do povo cubano, começava ali não apenas um novo ano, mas uma nova vida – plena de esperança de um futuro melhor.''


 


 



Esta grande festa popular foi uma demonstração da participação e da aprovação da grande maioria do povo cubano em relação ao processo revolucionário. O movimento comandado por Fidel, Che Guevara, Raul Castro, Cienfuegos e tantos outros, correspondia a uma necessidade premente do povo cubano que desejava alcançar melhores condições de vida.


 


 


 


Hoje, os porta-vozes das classes dominantes no Brasil e nos vários países capitalistas continuam criticando duramente Fidel e o sistema político implantado em Cuba. Aliás, deles não se poderia esperar outra coisa, já que como defendem interesses de minorias, não podem admitir o sucesso de uma experiência que está voltada para a defesa dos interesses da maioria.


 


 



Num próximo artigo, pretendo abordar algumas das maiores conquistas do povo cubano nesses 50 anos de socialismo.

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