FHC e HH: algo em comum além do ''H''

No Sete de Setembro, enquanto Lula comemorava em Brasília a Independência e a luta para consolidá-la, ouviram-se dois outros ''gritos'': o de Fernando Henrique Cardoso e o de Heloisa Helena. FHC e HH embora tão opostos, tão diferentes, mostraram que

Fernando Henrique Cardoso e Heloisa Helena aproveitaram o Sete de Setembro para proferir seus ''gritos'', cada um ao seu estilo. FHC divulgou uma carta. HH, do alto de um tamborete, fez um discurso.



Na ''carta'' FHC soletrou uma vez mais a cartilha neoliberal. Bateu continência ao mercado e se pôs a praticar o seu esporte predileto: ajoelhar-se aos poderosos do mundo. Atacou a política externa ''terceiro-mundista'' de Lula e enalteceu a Alca. Defendeu o ''enxugamento'' do Estado, leia-se corte no contingente dos recursos humanos. Combateu a ''gastança'', leia-se, corte nos investimentos sociais. ''Narciso'' jogou flores no seu governo com ênfase para as privatizações. Apregoou uma nova reforma da previdência, leia-se, corte de direitos dos trabalhadores.



Na ''carta'' FHC revelou sua receita de reforma política. É um resoluto padrinho do restritivo voto distrital e não diz uma palavra sobre o financiamento público das campanhas. O que significa que defende o atual modelo baseado no financiamento privado – raiz maior das distorções e dos recorrentes escândalos de corrupção.



E FHC que outrora clamava pela falta de um Lacerda, resolveu, ele mesmo, se apresentar para ser o substituto. Depois, de nas linhas e entrelinhas de sua missiva, praticamente, reconhecer a derrota de Alckmin (a quem responsabiliza por ter enchido até às tampas as prisões paulistas, criando as condições para surgimento do PCC), FHC proclama que Lula atolado na ''podridão'' é ''passível de crime de responsabilidade''.



 Resumo da ópera, ou melhor, da ''carta''.  FHC mandou uma mensagem ao conservadorismo mais retrógrado, de dentro e de fora do país. Primeiro, continua mais neoliberal do que nunca. Segundo, está pronto para liderar a direita golpista. Já que foi impossível impedir a candidatura de Lula à reeleição, já que ao que tudo indica será impossível impedir sua vitória, FHC, mais do que depressa, se oferece para liderar a oposição que tentará impedir o presidente Lula de governar, caso conquiste o seu segundo mandato. Tudo como reza o credo ''lacerdista''.



 
Por outro lado, HH, como se fora magistrada do juízo final proclamou que ''Lula é gangster que chefia uma organização criminosa, capaz de roubar, matar, caluniar e liquidar qualquer um que passe pela sua frente ameaçando o seu projeto de poder''.  De onde vem tanto ódio político de HH contra um operário, um retirante nordestino que chegou a presidência da República? Vem de seu faro político e, talvez, de sua essência.  Sabedora que o povo está com Lula, HH intenta pescar votos no conservadorismo mais preconceituoso de setores das camadas médias.


Achincalha o presidente da República porque isso agrada o conservadorismo. Ao recorrer a esse expediente, a candidatura dela se torna uma espécie de porta-voz, por paradoxal que pareça, de um pensamento obscurantista que há  nesse campo conservador da sociedade e estende a mão ao desespero cego dos desiludidos. Sua aversão à esquerda  e à Lula vai ao paroxismo, um paroxismo que por conveniência de marketing, a própria candidatura Alckmin vacila utilizar.  



Tendo caído nas pesquisas, ao perceber que aos olhos do povo a candidatura dela foi se revelando como um instrumento auxiliar da direita, HH teve um surto e descambou para o ódio político. E nesse surto revelou que seu ''coração valente'' só tem valentia para combater a esquerda a quem diz pertencer; só tem valentia para combater a candidatura de um filho do povo.



FHC e HH tão diferentes, tão opostos, mas aliados, na missão de combater a esquerda e a candidatura do presidente Lula. FHC já lançou a senha golpista. Não se sabe se o PSDB por inteiro irá seguí-lo. A conferir, também, se as diferentes correntes que formam o PSOL irão se unificar em torno do ódio político de HH contra Lula e à esquerda. 

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