Jason, Gaguinho e Mula Sem Cabeça: historinhas do Brasileirão

O Brasileirão 2009 está recheado de boas, e algumas não tão boas, histórias, que vem fazendo deste um dos campeonatos mais emocionantes da história dos pontos corridos.

Desde 2003 o Campeonato Brasileiro é disputado no sistema de pontos corridos, que premia o time com maior regularidade ao longo da competição, mas não necessariamente o melhor futebol. E neste período houveram vários “causos”, que revelaram inúmeros personagens.

Um personagem conhecido, que a cada ano tem seu representante, é o Cavalo Paraguaio. Ele corre muito no início, mas vai cansando, cansando, e quando viu já era. Foi ultrapassado pelos “puro sangue” do futebol brasileiro. Já aconteceu com o Botafogo, Grêmio, Flamengo e neste ano viu no Atlético Mineiro sua representação.

Outro que sempre aparece é a ave Fênix, que na mitologia é uma ave que ressurge das cinzas, e no Brasileirão é o time que começa mal na competição, lá pelos lados do Z-4 (nome carinhoso dado à zona do rebaixamento), mas ressurge com arrancadas impressionantes e passam a figurar no alto da tabela. Assim como o Flamengo de 2007, este ano foi o Avaí que teve uma jornada de 11 jogos sem derrota e saiu da lanterna para chegar quase ao G-4 (zona de classificação para a Libertadores).

Em 2009, outros personagens foram criados para deixar o campeonato ainda mais animado. O caso mais interessante é o Jason, figura clássica do terror pastelão, que após morrer afogado em um rio quando criança volta a vida para se vingar de todo mundo. E volta sempre, tanto que a cada filme é dado novamente como morto, mas lá vem mais uma sequência com o mascarado de volta. É de manchar as paredes da vídeo locadora de sangue!

O Jason do Brasileirão é o São Paulo. Que vira e mexe começa mal no campeonato, com um futebolzinho mixuruca, estádio vazio, mas de repente enfrenta um adversário dos grandes, vence, convence e ressucita na competição. Em geral, a vítima favorita é o Cruzeiro, mas pode ser qualquer outro.

O São Paulo, quando começava a namorar o rebaixamento, passou a ganhar jogo atrás de jogo, e hoje está novamente lá em cima. Nos últimos três anos essa brincadeira acabou em título. Já está ficando chato, assim como o filme.

Tem também o Gaguinho, personagem da Disney que dispensa comentários. Este é o Internacional, que gagueja na tabela, quando todo mundo acha que vai, ele fica, quando todo mundo acha que fica, ele vai. Vai entender…

O time é bom, possui peças de reposição, o que é importantíssimo num campeonato longo como este, mas ninguém bota muita fé no treinador Tite, que consegue, com um português impecável, explicar o inexplicável. Desde a final da Copa do Brasil o Inter se tornou muito inconstante, o que lhe custou a liderança, mas em nenhum momento o time saiu do G-4.

O Palmeiras é o Antônio Fagundes do campeonato. O galã! Vem liderando o campeonato, tem o melhor jogador do campeonato (Diego Souza), o treinador tricampeão pelo São Paulo (Muricy Ramalho) e conta com o retorno de Vágner Love, o artilheiro do amor, que busca visibilidade para voltar a seleção e disputar a Copa. Mas perdeu Pierre, um dos maiores ladrões de bola do futebol brasileiro, que se machucou num treinamento e só retorna ao time no ano que vem.

O impacto desse desfalque importantíssimo veremos daqui por diante, mas é bom lembrar que, de vez em quando, até o galã se dá mal! Vejamos se o Palmeiras será o Otávio Jordão ou o Felipe Barreto…

O Corinthians é o Arnaldo Baptista, dos Mutantes, anda meio desligado, nem toca os pés no chão, nem as mãos no céu. Fica sempre numa zona intermediária da tabela, de repente ganha jogos e volta a ser favorito ao título. Está ajustando o time para a Libertadores, se ganhar, bom, se não ganhar e for bem, ótimo, pois larga na frente dos outros para o ano que vem.

Agora, com certeza, a Mula Sem Cabeça do campeonato é o Fluminense. Um clube que ninguém dirige, com um treinador que nunca se sabe quem é agora, e um time que nunca joga. Até porque parte do time nunca recebe salários, enquanto outra parte, a do patrocinador, recebe em dia.

Passaram por lá inúmeros treinadores, dos quais a torcida já perdeu até a conta. Desde Parreira até Vinícius Eutrópio, passando pela ressureição de Renato Gaúcho, que já subiu aos céus para sentar-se ao lado do bar. Horcades, o dirigente de dois neurônios, sofre com processo de impeachment e vê seu clube dirigido por um grupo empresarial. E as grandes estrelas da equipe, ou estão machucadas, ou jogando mal.

Assim, o destino parece ser inevitável, deve trocar de lugar com o Vasco e jogar a Série B. Boa oportunidade para, finalmente, vencê-la.

Com todos estes ingredientes, o Brasileirão está pegando fogo. Tem emoção pra todo mundo, desde a ponta de cima até a ponta de baixo. E somente um personagem sairá com o caneco.

A seguir, cenas das próximas rodadas!

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