O que junho (2013) prescreveu para setembro (2014)?

Pegue um monte de jovens inteligentes, conectados e bem intencionados moradores dos grandes centros urbanos do Brasil.

Use a grande mídia para ressoar suas justas reivindicações por melhoria da qualidade de vida – especialmente nas grandes cidades – direitos básicos e ampliação do acesso a bens de consumo.

Incentive a profusão de propostas sem ordenamento ou método de exposição, fazendo com que todas pareçam ser importantes no mesmo nível e passíveis de serem ajustadas ao sabor dos ventos. O importante é propor, sem medir consequências.

Refresque na memória da garotada o mantra anti-política e anti-partidos entoado em seus ouvidos, desde o berço, no calor da queda do muro de Berlim e ao longo da neoliberal década de 90.

Desperte o que ainda há de mais conservador nas salas de estar da família brasileira e prometa sua redenção com a extinção dos vermelhos ateus que estão ocupando o governo central.

Acene aos jovens com neologismos políticos: "democracia de alta intensidade", "Estado mobilizador" e "incidência da sociedade civil" como componentes de um programa mudancista de poder.

Escolha para representar este programa alguém que "não tenha partido", “não queira ser candidato(a)”, "não obedeça hierarquia", "não tenha programa fechado", proponha "governar com todos" e abomine os métodos leninistas de organização política e tudo que remeta à "velha política". Afinal, a “nova política” é horizontalista.

Faça-os acreditar que a “nova política” é financiada por muitos que contribuem com pouco e não por poucos que contribuem com muito. E se há os que contribuem com muito é porque são empresas ungidas por serem vocacionadas pelo “social” e o “desenvolvimento sustentável”, quase filantrópicas.

Transmita tudo ao vivo e espetacularmente pelos grandes meios de comunicação e você terá uma adesão “espontânea”, massiva, comovida e quase embriagada por algum tempo.

Nota da autora: como o tempo da política é próprio, não se sabe a durabilidade do engodo…

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