Os ventos da democracia ameaçam o Império do Norte

Foram 18 dias o tempo suficiente para o povo egípcio botar pra correr o todo poderoso ditador Hosni Mubarak, principal aliado do imperialismo norte-americano no mundo árabe. Os ventos que sopraram com a violência necessária para varrer a sujeira no Egito, acumulada há 30 anos, tinham passado pela Tunísia e apeado do poder o também ditador corrupto Bem Ali, também há três décadas infernizando a vida do povo.

E esses ventos não pararam na Praça Tahrir (Libertação), epicentro do furacão libertário egípcio. Eles se deslocam com a mesma velocidade rumo a todo o Oriente Médio, devendo estacionar uns dias em Sanaa, capital do Iêmen, devendo seguir seu rumo após a queda do ditador Ali Abdallah Saleh, há 32 anos no poder. O próximo destino deve ser a Argélia.

Esses mesmos ventos passaram há uma década por aqui no subcontinente sul-americano, afastando do poder políticos conservadores, corruptos, neoliberais e capachos do imperialismo: Venezuela, Brasil, Argentina, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai. Eles devem retornar para completar a limpeza na Colômbia que continua uma imundície só.

Os acontecimentos destes dois primeiros meses de 2011 ficarão na história não só do mundo árabe, mas de todo o planeta. Eles significam uma fragorosa e histórica derrota do imperialismo ianque e do sionismo de Tel Aviv. É um caminho sem retorno e que prossegue célere.

Quando o povo quer, ninguém segura. É como água de morro abaixo e fogo de morro acima que ninguém controla. Historicamente está provado que quando os de baixos não agüentam mais a opressão dos de cima, e quando estes não conseguem mais se manter como antes, o caminho é a libertação.

De nada adiantou toda a repressão: as mais de 300 mortes de civis, milhares de prisões, inclusive de jornalistas egípcios e estrangeiros – entre eles dois brasileiros que foram mandados de volta para cá -, a proibição da Internet e da telefonia celular, e de todo tipo de ameaça.

A queda de Hosni Mubarak, principal aliado do imperialismo e do sionismo na região, tem deixado insones os dirigentes ianques e israelenses. Isto porque é o Egito quem fornece a metade do gás consumido por Israel e tem sido conivente com os crimes praticados contra os palestinos. Não há indicativo de que o fornecimento de gás seja suspenso, porém os crimes contra os palestinos não terão mais a complacência de antes.

A luta do povo por melhores condições de vida, por saúde e educação públicas de qualidade, contra o descontrole dos preços, contra o desemprego que atinge a esmagadora maioria dos jovens, e, sobretudo o combate à corrupção que grassa há mais de três décadas, tende a se consolidar.

As coisas já começaram a mudar, embora ainda haja muito que fazer. O poder ainda está nas mãos dos militares, contudo estes já não agem como antes. Os governos ditatoriais, corruptos e teocráticos da região já estão com a barba de molho e buscam oferecer algumas mudanças cosméticas para se garantir por mais tempo no poder. Mas sabem que os ventos da democracia os atingirão também.

Pode ser o começo do fim do imperialismo e do sionismo. E do início de uma nova era.

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