Seis anos depois, a Lava Jato em franca desmoralização

Nesta terça-feira (17), a operação Lava Jato completa seis anos desde que foi deflagrada no Brasil.

O ex-chefe da Lava Jato Deltan Dallagnol e o ex-juíz Sergio Moro, os principais personagens da operação (Foto: Reprodução)

Considerada a maior operação contra corrupção já realizada no país, a ação que teve sob seu comando a dupla formada pelo Procurador da República, Deltan Dallagnol, e o então juiz, Sérgio Moro, ficou na história por condenar empresários e políticos importantes, mas também pelos métodos controversos e pelo viés político pelo qual enveredou.

Com 70 fases executadas desde 2014 e ofuscada pela expansão da pandemia do coronavírus, foram poucos os nomes que hoje relembraram o caso, mas que até meses atrás, esquadrinhavam os rumos da operação para trazer à tona a série de revelações lideradas pelo The Intercept Brasil, que culminaram no escândalo da Vaza Jato.

Sem esquecer do seu papel na Operação, o ministro da Justiça não deixou a data passar em branco. “A prioridade é o combate ao coronavírus. Breve interlúdio para lembrar seis anos da LavaJato. O combate à corrupção é uma luta perene. Menos corrupção significa também mais recursos para saúde. Homenagem aos que, contra todos os desafios, persistem, quer seja ele um crime ou um vírus”, defendeu o atual ministro da Justiça e ex-juiz da Operação.

Membro da oposição, o vice-líder do PCdoB na Câmara, deputado federal Márcio Jerry (MA) lembrou o papel cumprido pelo ministro. “A Lava Jato se tornou uma operação conspurcada e corrompida por Sérgio Moro e Deltan Dallagnol. Não era o combate à corrupção que motivava esses dois, eram tenebrosas transações envolvendo inconfessáveis e espúrios interesses”, criticou.

Para o parlamentar, a força-tarefa foi apenas um mecanismo de projeção e instrumento para direcionar a justiça. “As revelações dos abusos da Lava Jato envergonham aqueles que a defenderam cegamente. Com a desculpa de combater a corrupção, o então juiz e os procuradores cometeram ilegalidades e aparelharam o Ministério Público e a Justiça Federal para fazer a maior armação política da história do Brasil”, definiu.

A isenção dos principais nomes da Lava Jato começou a ser bastante questionada após a prisão do ex-presidente Lula, ainda durante as eleições de 2018. Com a chegada de Moro na Esplanada, foram vários os indícios de parcialidade no julgamento dos casos.

Uma denúncia feita pela Agência Pública mostrou que o então juiz Sergio Moro levou cerca 250 dias para emitir uma sentença na Operação Lava Jato antes do impeachment de Dilma Rousseff (PT). Depois da cassação da ex-presidente, no entanto, o ritmo de resolução dos processos caiu consideravelmente: as decisões passaram a levar quase o dobro do tempo, 448 dias.

No início de março, o The Intercept revelou, em mais um capítulo da Vaza Jato, o funcionamento de uma colaboração secreta entre os principais nomes da operação com o Departamento de Justiça dos EUA, o DOJ, na sigla em inglês. Os diálogos, demonstraram que a equipe liderada por Dallagnol fez de tudo para facilitar a investigação dos americanos, a ponto de ter violado tratados legais internacionais e própria lei brasileira.

Ainda buscando projetar sua imagem, o procurador bem que tentou divulgar alguns números da Operação na imprensa nesta terça, sem grande sucesso.

Em janeiro deste ano, sem novos prisioneiros ilustres, a força-tarefa voltou a estampar as manchetes de jornais depois do Ministério da Educação (MEC) não ter utilizado um único centavo do dinheiro destinado à educação básica, após sete pastas de Bolsonaro terem disputado a destinação do fundo de R$ 2,6 bilhões.

Com a maior fatia, acima de R$ 1 bilhão, o dinheiro segue inutilizado pelo Ministério da Educação. E diante da crise em que a protagonista é a COVID-19, o destino parece que jamais serão as salas de aulas.

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