A luta dos trabalhadores contra a superexploração
Por que os operários lutam? Querem melhores salários, condições de trabalho mais favoráveis, tratamento condigno, redução da jornada de trabalho […]
Publicado 20/04/2011 17:11
Por que os operários lutam? Querem melhores salários, condições de trabalho mais favoráveis, tratamento condigno, redução da jornada de trabalho e garantia de seus direitos sociais e cívicos. Lutam contra a opressão e a exploração capitalista e para construir um mundo melhor, justo e avançado.
Estas dimensões do protesto operário estiveram presentes nesta que foi uma das maiores manifestações de trabalhadores das últimas décadas, os levantes ocorridos em canteiros de grandes obras em construção e que envolveram, desde meados de março, cerca de 80 mil trabalhadores.
Eles protestavam contra salários baixos, atrasos nos pagamentos, falta de remuneração de horas extras, precarização das relações trabalhistas, maus-tratos infligidos pelos agentes de segurança das empresas (houve tiros, uso de balas de borracha e bombas de efeito moral contra assembleias, agressões a trabalhadores, etc.), proibição de livre movimentação em períodos de folga, cobrança extorsiva de produtos vendidos pelas empreiteiras, etc., revelando a face retrógrada e espoliadora do capitalismo brasileiro envolvendo desde empresas monopolistas modernas, multinacionais brasileiras, até contratadores de mão de obra tradicionais, como os “gatos”.
Desde há várias décadas, o Brasil vive gradualmente um processo de modernização. Com o fim da ditadura militar, a Constituição de 1988 assegurou uma série de direitos políticos, sociais e econômicos, que favorecem os trabalhadores, embora a resistência patronal contra eles tenha sido aguda, ocasionando, no período de predomínio neoliberal (governos de Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso), fortes ataques que prejudicaram muitos daqueles ganhos e precarizaram as relações de trabalho. Sob Lula, novos avanços foram colocados na agenda, o nível de emprego se recuperou e a renda do trabalhador voltou a crescer, o combate ao trabalho escravo e ao desrespeito à legislação trabalhista entrou na pauta do governo.
Entretanto, a exploração capitalista não mudou e sempre revela sua face mais anacrônica e perversa. Foi contra ela que os trabalhadores se levantaram, deixando claro seu inconformismo e sua firmeza.
Os protestos ocorridos em Jirau, Santo Antônio, São Domingos, Suape, Porto do Açu e outras obras deixaram claro que os trabalhadores querem mais do que empregos e renda. Querem respeito a seus direitos sociais e também às prerrogativas cívicas e democráticas que a Constituição garante a todos os cidadãos.
A exploração capitalista choca-se com o exercício destes direitos e revela a disposição patronal de continuar aplicando formas tradicionais para aumentar os ganhos, que incluem o rebaixamento salarial; o não pagamento de trabalhos prestados (como no caso das horas extras); a subcontratação ou a terceirização; a venda aos trabalhadores, nos canteiros de obra, de produtos a preços extorsivos. Formas econômicas de exploração que andam juntas com formas ilegais e questionáveis de controle da mão de obra para coibir descontentamentos, que se traduzem no exercício da força bruta através de agentes de segurança, ou na recusa a aceitar pedidos de demissão, coagindo os trabalhadores e retendo suas carteiras de trabalho.
O capitalismo perpetua o atraso e cristaliza a espoliação dos trabalhadores, uma realidade que impõe a conquista de um novo passo civilizatório, que só será alcançado com o protagonismo consciente e avançado das próprias massas populares.