A Seleção está convocada; a luta agora é pelo hexa

Nesta quarta-feira, (7), o técnico Luiz Felipe Scolari anunciou os 23 jogadores que farão parte do elenco da Seleção Brasileira […]

Nesta quarta-feira, (7), o técnico Luiz Felipe Scolari anunciou os 23 jogadores que farão parte do elenco da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo.

Mais de cinquenta anos depois, o Brasil sedia sua segunda Copa. Diferentemente da campanha pessimista contra a realização do Mundial no Brasil, que inclui o que se chama de “torcida contra” a Seleção, a convocação de Felipão foi bem recebida e parece que suas escolhas não serão tão contestadas.

É hora de torcer para que o time supere os desafios da competição e conquiste o hexacampeonato.

O Brasil é o único país que participou de todos os mundiais. Historicamente, a Seleção, no momento da convocação, sempre foi duramente criticada pela mídia especializada. Uma vez faltava jogador, outra vez o técnico não era o melhor.

Agora não há uma clara oposição ao técnico e não houve grandes lamentos em relação aos escolhidos ou aos esquecidos. A grande surpresa ficou pela convocação do zagueiro Henrique, que hoje joga no Napoli e recentemente foi campeão da Copa da Itália atuando no time titular. No entanto, trata-se de um pequeno ruído na montagem de um time de futebol que, mesmo não sendo uma máquina, é o que há de melhor no momento para envergar o uniforme da Seleção.

Pode-se debater com razão por que dos 23 convocados, apenas quatro atuam no momento em gramados nacionais. Não deixa de ser uma nota negativa. É um retrato do mau momento do nosso futebol, que passa por uma longa entressafra, deixando de revelar talentos em quantidade, como fazia há 30 e até há 20 anos. E da incapacidade dos clubes brasileiros manterem em solo nacional os craques que despontam.

Este aspecto não pode ser atribuído a condições estritamente esportivas. Trata-se de mais um reflexo do domínio absoluto do capitalismo sobre a atividade, que determina quais valores e talentos devem ser cultivados. O futebol de várzea já não existe mais, em seu lugar proliferam as escolinhas de futebol. Elas filtram os talentos que o mercado deseja. E por vezes são os melhores para o capital, mas não para o esporte. Para o capital, Garrincha com suas pernas tortas seria apenas um torcedor.

A empatia da torcida brasileira com a Seleção e a competição não significa identidade com a CBF nem muito menos com a Fifa, usinas de negociatas e falcatruas, que fazem do futebol e da Copa do Mundo uma fonte de superlucros para grupos econômicos monopolistas e os famigerados cartolas.

Definitivamente, acabou-se a época em que uma convocação de Seleção tinha de levar em conta o fator político, que tantas vezes fez a equipe do Brasil utilizar jogadores queridos por governadores, presidentes ou pela última ditadura.

Bombardeada pela mídia, a Copa do Mundo está mais do que concretizada nos estádios e nas obras que os governos das três esferas de poder realizam por todo o país. Agora entra na fase de realização propriamente dita, quando o que conta é a bola no campo.

De forma hipócrita, a mídia tenta sabotar a competição desde que se decidiu sua realização em solo brasileiro. É uma opção política, para desgastar o governo que ela combate, usando para esse fim falhas eventuais e as vulnerabilidades objetivas do país.

Felipão teve a feliz coincidência de ser o técnico de uma seleção quase unânime, em uma Copa do Mundo que será a mais bem feita de toda a história, no país que mais sabe tratar a bola.

Agora é a vez de pintar as ruas, enfeitá-las com bandeirolas, organizar a assistência aos jogos em turmas pacíficas e organizadas. É a hora do futebol, da torcida, que nada têm a ver com as negociatas da Fifa e da CBF.

É hora também de cultivar o que a Copa do Mundo pode ter de melhor: a competição, o congraçamento e a mensagem de paz, o que pressupõe o combate às odiosas manifestações de racismo e intolerância que têm ocorrido nos gramados e arquibancadas de vários países.