Angra 3: correta decisão
O Conselho Nacional de Política Energética, constituído por oito Ministérios, aprovou, no último dia 25, a construção da usina nuclear […]
Publicado 27/06/2007 13:08
O Conselho Nacional de Política Energética, constituído por oito Ministérios, aprovou, no último dia 25, a construção da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro. A decisão recebeu sete votos favoráveis, apenas o Ministério do Meio Ambiente votou contra. Essa aprovação foi precedida de exaustivas análises e prolongada discussão que se arrastavam há anos.
Na matriz energética dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que agrega grandes economias do mundo, a energia nuclear representa 10,7%. No caso do Brasil a percentagem é de apenas 1,2%. Pela previsão do Ministério de Minas Energia (MME), com a construção de Angra 3, a ser concluída em 2013, e de outras usinas, somente em 2030 é que a parte da energia nuclear na matriz brasileira irá representar 5%.
Ainda segundo dados do MME, a matriz energética do Brasil é formada com as seguintes fontes: petróleo (38,4%); biomassa (29,7%); gás natural (9,3%), carvão (6,4%); nuclear (1,2%); hidráulica (15%). Trata-se de uma planta energética privilegiada, com a presença destacada da energia hidráulica e da biomassa, fontes de energia limpa e renovável. Contudo, é preciso aumentar o total produzido sob o risco de país ver sustado o seu crescimento econômico por um colapso de sua produção de energia.
Para que não aconteça um calamitoso e vexatório apagão é imperativo que haja um aumento da produção de cada uma das fontes que compõem a matriz. Neste âmbito, aumentar a fonte nuclear é viável e necessário. O Brasil tem reservas de urânio e seria tolice exportá-las em estado bruto para o benefício das economias de outros países. Com as demandas em escala de Angra 3 e das outras duas usinas, o Brasil poderá nos próximos anos conquistar o domínio pleno (tecnológico e industrial) de todas as fases da produção de combustível nuclear. Fato este que representará uma conquista de natureza estratégica para o país e para sua economia.
A preocupação com o meio ambiente, sobretudo no que se refere à armazenagem segura do lixo das usinas e ao risco de acidentes é pertinente e, certamente, está contida nas cláusulas que sustentam a decisão.
O desenvolvimento sustentado é regido por uma diretriz que rejeita o antagonismo entre crescimento econômico e preservação ambiental. Ele busca um equilíbrio nessa relação, de tal modo, que ao final o país cresça, produza riqueza na proporção de suas necessidades e potencialidades sem destruir a natureza, grande fonte dessa mesma riqueza. Contudo, se prevalecem concepções errôneas sobre tal questão, em vez de “desenvolvimento sustentado” o que se terá em breve é “desenvolvimento inviabilizado”. Desenvolver não é destruir, como também, “preservar” não é impedir o país de crescer.