Auschwitz e a luta pela democracia

Foto: John Macdougall/AFP

Nesta segunda-feira (27), cerimônias realizadas em todo o mundo marcaram a passagem dos 75 anos da libertação de Auschwitz pelas tropas soviéticas. Em todas elas foi reafirmada a condenação ao criminoso regime hitlerista cuja derrota exigiu uma ampla aliança para superar uma das maiores encruzilhadas já enfrentada pela humanidade.

Auschwitz surgiu do conflito entre as forças do progresso social e os resquícios do pré-Revolução Francesa, do obscurantismo que antecedeu o Iluminismo. Simbolizou a barbárie de um sistema que espalhou campos de concentração e selvagerias. Sintetizou a ideologia que massacrou os povos, desde a Comuna de Paris (1871), e disseminou terrorismo na guerra civil russa, para tentar sufocar os avanços civilizacionais, em particular o socialismo que brotara na velha Rússia czarista e erguera a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. O regime nazifascista representou a elevação dessa ideologia à condição da mais mortífera máquina de guerra e assassinato em massa que se conhece.

O regime criminoso de Hitler massacrou povos e setores sociais considerados inimigos e indesejáveis, espalhou o obscurantismo e fomentou a intolerância em grande parte do planeta e chegou a ter adeptos no Brasil.

Hitler definiu essa meta desde que elaborou o seu projeto de poder – e Auschwitz representa o símbolo máximo desse projeto criminoso: as verdadeiras fábricas de matar construídas com esse propósito malsão, onde milhões de judeus, russos, democratas, socialistas, comunistas e outros que o ódio nazista taxou de indesejáveis perderam a vida.

A Segunda Grande Guerra é uma fonte inesgotável de lições sobre as contradições políticas e a luta em defesa da democracia e da liberdade. Naquele embate, a União Soviética teve papel determinante no que compreenderam como Grande Guerra Patriótica. Além do sentimento de defesa da nação, os soviéticos estimularam e foram determinantes na composição de uma ampla frente democrática capaz de conter aquela ameaça à humanidade.

Relembrar o horror de Auschwitz é também uma oportunidade para se atentar para a ameaça de retrocesso que paira sobre a humanidade nos dias atuais e a necessidade de unir novamente amplos segmentos democráticos, patrióticos e progressistas. Tal como naquela ocasião, setores mais retrógrados voltam a ameaçar a democracia, a liberdade, a soberania nacional e os direitos sociais diante da incapacidade de superar crise do capitalismo. Tentam barrar a resistência dos trabalhadores e do povo em geral contra a exploração brutal imposta pelo capital.

No horizonte político do Brasil, sob o mando do presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro, essa ameaça retrógrada também se apresenta, inclusive com descarada apologia ao regime nazista. Nestas circunstâncias, a pregação do governador Flávio Dino e de seu partido, o PCdoB, para que se constitua uma frente mais ampla possível em defesa do Brasil, dos direitos sociais e de um projeto nacional de desenvolvimento precisa se espraiar por todo o país e ganhar adesões. Esse é o caminho para que Auschwitz seja apenas uma lembrança triste e sua derrota um exemplo a ser seguido.