Manifestações 30M abrem caminho para greve geral histórica
Em todo o país, verdadeiras multidões saíram às ruas nesta quinta-feira (30) para manifestar a posição de que na Educação […]
Publicado 30/05/2019 21:46
Em todo o país, verdadeiras multidões saíram às ruas nesta quinta-feira (30) para manifestar a posição de que na Educação de um povo não se mexe. O colorido dos cartazes, roupas e bandeiras deu o tom de uma enérgica jornada que entra para a história como mais uma página de abnegação do povo brasileiro, nesse caso com destaque para a juventude. A firme ação da União Nacional dos Estudantes (UNE), da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) como as principais entidades que lideram essas manifestações é um ponto a ser registrado com ênfase.
Em situações assim, quando o futuro do país está seriamente ameaçado por um governo sem nenhuma responsabilidade patriótica, democrática e social, a resposta política é o elemento mais importante. Afinal, está se falando de um elo essencial para um projeto de nação digno dessa denominação. Sem uma base estrutural para dar formação educacional às gerações emergentes não se pode falar em um país com esperança de erigir uma sociedade desenvolvida, com espírito patriótico e consciência democrática.
As gerações do presente e do futuro desfilaram suas esperanças em todo o país, protestando e ao mesmo tempo acumulando forças para sustentar outras jornadas pela frente. Como comentou a presidenta da UNE, Marianna Dias, o governo manteve os cortes e o ministro da Educação Abraham Weintraub segue sem querer ouvir os estudantes. Não há dúvida de que essa postura truculenta do governo Bolsonaro, bem demonstrada com a atitude desvairada de Weintraub dia 22 na Câmara dos Deputados, encoraja os manifestantes.
Se não bastasse isso, há ainda a ideia de mordaça ideológica — chamada de “escola sem partido” —, a solicitação do governo ao Supremo Tribunal Federal (STF) de autorização para que sejam realizadas operações policiais dentro de universidades e a nota do Ministério da Educação afirmando que professores, servidores, funcionários, alunos e até mesmo pais e responsáveis “não são autorizados a divulgar e estimular protestos durante o horário escolar”. São evidentes hostilidades ao ambiente de liberdade que deve ser intrínseco a essas instituições. Nessas atitudes do governo está contida a ideologia do obscurantismo, promotora da castração cultural e afeita a autoritarismos típicos de governos opressores.
Nesse ambiente de alta combustão social, as manifestações em defesa da Educação deram enorme contribuição para a preparação da greve geral marcada para o dia 14 de junho. Como no caso dos estudantes, a unidade das centrais sindicais em torno de uma pauta oposta à agenda do governo — como a defesa da aposentadoria, da retomada do crescimento econômico, do emprego e da democracia — deve ser ressaltada como ponto essencial dessa próxima jornada que, a rigor, se iniciou com a vigorosa manifestação dos trabalhadores em defesa da Previdência Social no dia 22 de março.
Nesses dois segmentos sociais — os trabalhadores e os estudantes —, está a base estrutural da sociedade. A nação pulsa por suas atividades. Quando eles se manifestam, fica demonstrado que o país pode ter outro destino. O que se viu nas manifestações dos dias 15 e 30 de maio foi o entrelaçamento dessas agendas, o que permite um prognóstico de que a greve geral será o pico dessa primeira manifestação popular — que emerge da alma da nação — contra mais um governo antidemocrático, antinacional e, por isso, antipovo.