Neoliberalismo faz muito mal à saúde

As reformas neoliberais no ex-bloco soviético deixaram um saldo de mais de um milhão de mortes prematuras. A informação, registrada pelo Vermelho na semana passada, foi publicada por dois orárculos da alta finança internacional, as publicações inglesas Financial Times e The Economist, sobre uma pesquisa feita pelos cientistas David Stuckler e Lawrence King, da Universidade de Cambridge, e Martin McKee, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres. Eles foram autores de um estudo que analisou a causa mortis de três milhões de homens em idade economicamente ativa em todos os ex-países comunistas na Europa Oriental, e sugere que pelo menos um terço deles foi vítima da privatização em massa, que produziu desemprego generalizado e ruptura do tecido social. No artigo publicado na conceituada revista de medicina Lancet eles afirmam que a ''terapia (econômica) de choque'' – com privatizações em massa a toque de caixa aplicada no ex-bloco soviético na primeira metade da década de 90 – foi responsável pela morte prematura de um milhão de pessoas.


 


Este trabalho vem se somar ao crescente número de pesquisas comprovando que a transição econômica produziu sofrimento generalizado devido a mortes e doenças físicas e mentais. O professor McKee enfatizou que o alcoolismo foi a mais importante explicação imediata para as mortes, mas também contribuíram a dieta pobre e o desnível cada vez maior entre os sistemas de saúde ocidental e comunista a partir da década de 60. Entretanto, segundo o jornal, o professor disse que demissões de pessoal, especialmente entre pessoas com menor escolaridade e sem assistência social, foram um dos principais motivos.


 


A The Economist publicou sobre a pesquisa um asrtigo onde relacionou as mortes em massa com a economia de mercado. Nele, reconhece que a reforma econômica implementada na ex-União Soviética foi realmente acompanhada de milhões de mortes prematuras, mas alega que a razão deste fenômeno não se encontrava no processo de privatizações e na política neoliberal aplicada, mas orientação econômica planificada soviética, que não fez as reformas ''necessárias'' bem antes de 1991, quando a economia da URSS estava estagnada e com uma série de problemas estruturais.


 


A revista Lancet, por seu turno, questiona os que naquela época advogavam a chamada economia de livre-mercado, como o economista Jeffrey Sachs, ignorando os altos custos humanos das políticas que eles propunham, como o desemprego, a miséria, que provocaram estas mortes prematuras. De fato, conclui a revista, a privatização significou mortes em massa, conclusão comprovada com os dados da pesquisa.