O ataque de Bolsonaro à jornalista ameaça a democracia

No curto espaço de tempo desde que assumiu a presidência da República, Jair Bolsonaro acumulou ações de governo que atentam […]

No curto espaço de tempo desde que assumiu a presidência da República, Jair Bolsonaro acumulou ações de governo que atentam contra os direitos dos trabalhadores e do povo, ameaçam a economia do país e humilham a soberania nacional, pondo-se de joelhos diante das ordens do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Neste período, multiplicou ameaças à ordem democrática e fez sucessivos ataques a um dos seus pilares, a liberdade de expressão. Segundo a agência de checagem Aos Fatos, em pouco mais de 60 dias Bolsonaro deu mais de uma declaração errada ou distorcida por dia: contabilizou 82.
Na última delas, os alvos foram a jornalista Constança Rezende, de "O Estado de São Paulo" e seu pai, o também jornalista Chico Otavio, de "O Globo", atacados por Bolsonaro através redes sociais, neste domingo (10) – a partir de uma “fake news” aparentemente montada com este propósito.

O pretexto para esta intimidação contra Constança foi a divulgação de supostas críticas ao presidente e ao seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PSL), veiculadas pelo site de direita, Terça Livre, que manipulou o diálogo da jornalista com um pesquisador norte-americano. O site tem ligações com o deputado estadual mineiro Bruno Engler (PSL), do Movimento Direita Minas.

Trata-se de uma clara tentativa de intimidar a jornalista e os veículos de comunicação, mesmo os da imprensa hegemônica que, no livre exercício de suas funções, fazem críticas ao presidente e a pessoas de seu círculo íntimo. Atitude intimatória que ressalta, mais uma vez, o traço profundamente autoritário de um governante cuja trajetória é marcada pela exaltação à ditaduras, culto a torturadores, ameaças aos movimentos sociais e às forças progressistas. Não é demais recordar que na campanha eleitoral Bolsonaro ameaçou banir do país “os vermelhos” e que mandaria prender seu então adversário de campanha Fernando Haddad, para fazer companhia ao ex-presidente Lula, destinado a “apodrecer na cadeia”, segundo suas palavras.

A intimidação teve o pronto repúdio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e do Observatório de Liberdade de Imprensa, que divulgaram nota denunciando a gravidade da atitude do presidente direitista, e condenando o verdadeiro linchamento, pelas redes sociais, que ele insuflou contra a jornalista.

A Federação Nacional dos Jornalistas e o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro também se manifestaram através de nota onde afirmam que Bolsonaro “assume uma postura que não condiz com o cargo que ocupa” e qualificam seu gesto como “atitude intempestiva e irresponsável”. As duas entidades enfatizam que “os constantes ataques do presidente à atuação da imprensa são um desrespeito à democracia brasileira que precisa ter um fim”.

O comportamento autoritário de Jair Bolsonaro reforça a necessidade de uma ampla articulação dos segmentos democráticos e progressistas para impedir que o Brasil sofra um retrocesso que ponha abaixo as conquistas políticas, sociais e econômicas consagradas na Constituição Federal. A nação brasileira não pode aceitar um novo período de obscurantismo em que um governante ditatorial se mantenha no poder às custas da destruição de qualquer oposição e controle com mão de ferro a liberdade de expressão.