O superministro da Economia pifou
Pífio. Esse é o resultado das promessas de Paulo Guedes, anunciado por Jair Bolsonaro como o verdadeiro messias do seu […]
Publicado 31/05/2019 20:31
Pífio. Esse é o resultado das promessas de Paulo Guedes, anunciado por Jair Bolsonaro como o verdadeiro messias do seu governo. Ele assumiu o controle do que seria a nave capitânia do bolsonarismo, ainda na campanha eleitoral, prometendo um mar de rosas assim que o novo presidente tomasse posse. Sua aposta era de um crescimento de até 3,5% este ano, baseado no que seria a “potência da plataforma liberal”. O combustível viria com a “reforma” da Previdência Social, as privatizações e mais algumas medidas administrativas, como a simplificação de impostos e a redução cosmética dos juros.
Eram profecias, óbvio. E profecias são um problema em assuntos econômicos. Os resultados estão aí, mostrando um cenário desolador. A equação que sustenta esse teorema que Guedes aprendeu na Escola de Chicago — a meca do neoliberalismo — depende de muitas variáveis. A começar pela “reforma” da Previdência Social, que deveria passar no Congresso Nacional a toque de caixa, como foi nos casos da “reforma” trabalhista e da Emenda Constitucional 95 (a que rebaixou o teto de gastos com os itens orçamentários não financeiros), ainda no governo do usurpador Michel Temer.
Em lugar dessa urgência neoliberal, o bolsonarismo se engalfinhou em disputas internas, fustigou o Legislativo e enveredou pelo caminho do confronto com quem não comunga com a sua ideologia de extrema direita, conduta que transformou o governo em uma usina de crises. Sem entregar o que prometeu, a expectativa de investimentos começou a evaporar. Havia a esperança, entre os investidores, de que o milagre da estabilidade entre gastos financeiros e investimentos públicos — outra variável importante — trouxesse a garantia de que a dinâmica produtiva — produção e consumo, basicamente — voltasse a fazer a roda da economia girar.
Mesmo as concessões de infraestrutura não entusiasmaram. Sem um horizonte de emprego e renda, ficou difícil acreditar num cenário de crescimento como o prometido por Guedes. A opção é a farra financeira. Numa dinâmica em que o rentismo se sobrepõe aos ganhos com a produção, fica impossível impulsionar o crescimento sem os mecanismos de fomento do Estado.
No desespero, o governo anuncia a liberação de contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) — com a possibilidade de liberar também recursos das ativas — e do PIS/Pasep, que podem trazer R$ 22 bilhões para a economia. Mas, além de tirar dinheiro do financiamento para a construção civil para injetar no consumo ou no pagamento dívidas, esse montante não garante sequer a ignição de um ciclo de retomada do crescimento. É uma ilusão acreditar que calços e remendos de toda ordem podem sustentar a dinâmica demanda-produção, mesmo como ponto de partida para um ciclo mais duradouro.
Pesa, também, nesse diagnóstico, o cenário externo que, além do agravamento estrutural da crise, enfrenta a política agressiva do presidente dos Estado Unidos, Donald Trump, e suas tarifas. Além do tarifaço contra a China, agora ele decidiu brigar com o México ao anunciar uma taxação de 5% sobre todos os produtos daquele país. Resumo da ópera: esse projeto ultraliberal e neocolonial que golpeia a máquina do Estado, agride a soberania do país e ataca o pensamento nacional, democrático e progressista, não tem a menor condição de enfrentar os efeitos da crise. Por isso que Paulo Guedes pifou.