OEA: mais uma derrota dos EUA nas Américas

 


Junho de 2009 começou marcado por dois importantes sinais do declínio do império americano. O primeiro foi o anúncio, dia 1º, da falência da General Motors e sua estatização desde que o governo dos EUA passou a ser dono de 60% das ações da empresa, sendo assim seu principal controlador.


 


A GM foi, ao longo do século XX, com seus carrões de alto consumo de combustível, um dos principais totens do chamado american way of life (modo de vida americano), ponta de lança do imperialismo dos EUA pelo mundo afora e importante símbolo da presença e do poderio daquela nação. Seu faturamento já foi superior ao de muitas nações independentes; agora, tragado por dívidas monumentais e pela crise econômica iniciada em 2008, este símbolo de um modo de vida ultrapassado e predatório simplesmente ruiu.


 


O outro sinal daquele declínio foi a aprovação do fim das sanções contra Cuba na Organização dos Estados Americanos (OEA), anunciada na tarde do dia 3. A decisão foi tomada por unanimidade pelos representantes dos 34 países das américas reunidos em Honduras.


 


A representante dos EUA, a secretária de Estado Hillary Clinton, não estava presente à votação. Depois do fracasso de suas pressões para que a decisão fosse condicionada a imposições feitas pelo governo de seu país, que atribuiu ao que considerou como a  ''incapacidade'' para chegar ao consenso por parte daqueles representantes dos governo latino americanos, ela preferiu viajar para o Oriente Médio. O pretexto foi a necessidade de se juntar à comitiva do presidente Barack Obama, que viaja pela região. Assim, escapou de assistir a mais esta demonstração de perda da influência dos EUA nas Américas. E que, ao contrário da alegação de Hillary Clinton, tomaram a decisão por consenso sem levar em conta as pressões americanas.


 


Foi a correção de um erro cometido a 47 anos quando, em 1962, Cuba foi expulsa da OEA por pressão do governo de Washington numa época em que aquela organização justificava o apelido dado a ela pelo presidente Hugo Chavez, da Venezuela: ''ministério das Colônias dos EUA''.


 


A decisão dos representantes de governos presentes à votação mostra que este é um apelido que pode ir para o museu. Sua importância foi destacada pelo ministro das Relações Exteriores do Equador, Fander Falconí: esta notícia, disse, ''reflete a mudança de época que a América Latina está vivendo''. ''A Guerra Fria terminou hoje em São Pedro Sula'', comemorou o presidente de Honduras, Manuel Zelaya. ''A expulsão de Cuba da OEA é um cadáver insepulto que deve ser enterrado'', disse o chanceler brasileiro Celso Amorim.


 


Ao sinalizar o crescente recuo da influência dos EUA, a abertura da porta para o reingresso de Cuba à OEA é mais um passo dos países da América Latina rumo à independência e soberania.