Um agosto decisivo para a democracia
Já se esperava por um agosto de confrontos e fortes tensões e logo no início do mês as previsões se […]
Publicado 04/08/2015 20:30
Já se esperava por um agosto de confrontos e fortes tensões e logo no início do mês as previsões se confirmam. O fim de julho foi marcado pelo atentado com uma bomba incendiária contra o Instituto Lula, fato que a mídia empresarial tentou escamotear e relevar, o que é até compreensível já que as digitais desta mídia estão claramente presentes na cena do crime, tal o grau de manipulação e mentiras que cotidianamente ela despeja tendo como alvos o governo e o PT, repetindo a mesma tática golpista usada contra Getúlio Vargas e Jango.
A prisão do ex-ministro José Dirceu, uma figura emblemática do PT, logo no primeiro dia útil do novo mês, mostra o que representará este período em termos de luta política. Revela também (mais uma vez) o quanto é viciada e parcial a condução da chamada Operação Lava Jato. O preceito, aliás, óbvio, lembrado insistentemente por diversos juristas, e inclusive por membros do próprio Supremo Tribunal Federal (STF), de que as “delações premiadas” por si só não servem de base para nenhuma condenação é hoje tratado como mera e dispensável formalidade, mas apenas quando o delator aponta pessoas ligadas ao PT e ao governo. As delações premiadas que citam membros importantes da oposição, principalmente quando fazem referência ao PSDB, são ignoradas e tornadas “invisíveis” pela “operação abafa” da mídia.
Salvador Allende, presidente chileno assassinado em um brutal golpe militar, dizia que “não basta que todos sejam iguais perante a lei. É preciso que a lei seja igual perante todos”.
O aparelhamento da máquina estatal por juízes, delegados e procuradores que desejam ardentemente notoriedade midiática e que conduzem investigações – que deveriam ser imparciais e impessoais – de forma a servir aos seus objetivos políticos, ficou ainda mais indisfarçável quando o procurador da República Deltan Dallagnol, membro destacado da Operação Lava Jato, no último dia 27 convocou publicamente, de forma indireta, mas inequívoca, para o ato golpista do dia 16.
Desta forma, menos do que combater a corrupção, a Operação Lava Jato busca incessantemente alimentar e fortalecer uma agenda política conservadora e antidemocrática.
A prisão de José Dirceu retira do centro do noticiário o presidente da Câmara e declarado oposicionista Eduardo Cunha (PMDB/RJ) além de incentivar as mobilizações golpistas.
Ao contrário do que vaticina a mídia empresarial, a despudorada desvirtuação do aparelho judiciário e policial é uma grave ameaça à democracia e revela ainda a fragilidade das nossas instituições.
Algumas das vozes que poderiam, e mais do que isso deveriam, se levantar para defender o estado democrático de direito contra as manobras que o ameaçam, muitas vezes não o fazem intimidadas pela formidável chantagem da imensa máquina de comunicação a serviço da oposição de direita.
Como o Portal Vermelho já alertou em outras ocasiões, tais manobras exigem forte e decidida resposta do campo popular, e de todos os patriotas e democratas, pois o que se busca é garantir por meios escusos a volta da direita ao poder, o que geraria graves consequências para os trabalhadores, para a soberania nacional e para a integração da América Latina.
Neste sentido, valorizamos a série de manifestações e reuniões que o movimento popular e democrático está programando para este mês, com destaque para a Marcha das Margaridas, no dia 12, em Brasília, e o ato “Contra o retrocesso e pela democracia”, promovido pelas centrais sindicais, movimentos sociais e setores progressistas da sociedade brasileira no dia 20, que ocupará ruas e praças pelo país.
A mobilização total na frente institucional, na luta de ideias e nas ruas será determinante para que agosto seja o mês em que os valores da democracia e da justiça social prevaleçam diante da ofensiva golpista.